PONDERAÇÕES FILOSÓFICAS SOBRE O TEÍSMO - PARTE I: UMA REFLEXÃO FILOSÓFICAS SOBRE OS ATRIBUTOS DIVINOS - CHARLES TALIAFERRO
Durante grande parte da história da filosofia da religião, houve uma ênfase na análise do teísmo. Concepções não-teístas do divino tornaram-se cada vez mais parte da filosofia da religião (confira, por exemplo, Buckareff & Nagasawa 2016; Diller & Kasher 2013; e Harrison 2006, 2012, 2015). O teísmo ainda requer certa atenção especial, dada a grande parte da população mundial que está alinhada com as tradições teístas (as crenças abraâmicas e o hinduísmo teísta) e a enorme atenção dada à defesa e crítica do teísmo na filosofia da religião histórica e atual.
I. UMA REFLEXÃO FILOSÓFICA SOBRE OS ATRIBUTOS DIVINOS
A especulação sobre os atributos divinos na tradição teísta tem sido frequentemente feita de acordo com o que atualmente é chamado de Teologia do Ser Perfeito, de acordo com a qual Deus é entendido como Ser de Grandeza Máxima. Essa tradição foi, como se sabe, desenvolvida por Anselmo de Cantuária (1033/4–1109). Para uma obra contemporânea que oferece uma visão histórica do teísmo anselmiano, confira: Maximal God; A New Defense of Perfect Being Theism de Yujin Nagasawa (2017). Os atributos divinos nesta tradição têm sido identificados pelos filósofos como aqueles que formam o maior conjunto compossível de propriedades de máxima grandeza; atributos são compossíveis quando podem ser instanciadas pelo mesmo ser. Tradicionalmente, os atributos divinos são identificados como sendo os seguintes: onipotência, onisciência, bondade perfeita, dignidade de adoração, existência não-contingente (necessária) e eternidade (significando que Deus existe fora do tempo ou atemporalmente). Cada um desses atributos tem sido sujeito a diferentes análises, conforme observaremos abaixo. Deus também tem sido tradicionalmente concebido como ser incorpóreo ou imaterial, imutável, impassível e onipresente. E, diferentemente do judaísmo e do islamismo, os teístas cristãos concebem Deus como trino (a Deidade não é unitarista, mas consiste em três Pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo) e como encarnado em Jesus de Nazaré (plenamente divino e plenamente humano).
Um dos instrumentos que os filósofos usam em sua investigação dos atributos divinos consiste em experimentos mentais. Em experimentos mentais, casos hipotéticos são descritos - casos que podem ou não representar o modo como as coisas são. Nestas descrições, os termos normalmente usados em um contexto são empregados em configurações expandidas. Assim, ao pensar em Deus como onisciente, pode-se começar com um caso não controverso de uma pessoa que sabe que uma proposição é verdadeira, pontuando o que significa alguém possuir esse conhecimento e as maneiras pelas quais esse conhecimento é garantido. Um experimento mental teísta procuraria ampliar nossa compreensão do conhecimento como pensamos em nosso próprio caso, movendo-se em direção à concepção de uma excelência intelectual máxima ou suprema, adequada à compreensão de Deus adotada pelos crentes religiosos. Vários graus de refinamento poderiam ser colocados em ordem, pois especula-se não apenas sobre a extensão de um conjunto máximo de proposições conhecidas, mas também sobre como elas podem ser conhecidas. Isto é, será que ao atribuir onisciência a Deus, alguém estaria assim afirmando que Deus conhece todas as verdades de maneira análoga à maneira como conhecemos as verdades sobre o mundo? Uma analogia muito próxima produziria uma imagem peculiar de Deus, contando, por exemplo, com indução, evidência sensorial ou testemunho de outros. Um movimento na filosofia de Deus tem sido afirmar que a declaração "Deus sabe alguma coisa" emprega o verbo "saber" univocamente quando lido de acordo com a tese de que Deus sabe alguma coisa, enquanto usa o termo apenas em sentido remotamente analógico se lido como identificando o modo como Deus sabe (Swinburne 1977).
O uso de experimentos mentais geralmente emprega um princípio de aparência. Uma versão desse princípio seria o de uma pessoa que tem uma razão para acreditar que determinado estado de coisas é possível se ela puder conceber, descrever ou imaginar a realização desse estado e se ela não souber de razões independentes para acreditar que tal estado seja impossível. Como afirmado, o princípio é levado adiante, oferecendo simplesmente uma razão para acreditar que um determinado estado de coisa é possível e, portanto, ele pode ser visto como uma razão prima facie. Mas isso pode ser visto como uma razão secundum facie, na medida em que a pessoa examina cuidadosamente o estado de coisas e seus possíveis obstáculos (confira: Taliaferro & Knuths 2017). Alguns filósofos são céticos em apelar a experimentos mentais (confira: Van Inwagen 1998; para uma defesa confira: Taliaferro 2002, Kwan 2013 e Swinburne 1979; para tratamentos gerais confira: Sorensen 1992 e Gendler &; Hawthorne 2002).
1. ONISCIÊNCIA
Imagine que exista um Deus que conhece a ação livre futura dos seres humanos. Se Deus sabe que você fará livremente algum ato X, então é verdade que você realmente fará X. Mas se você é livre, você não seria também livre para evitar fazer X? Dado que é sabido que você fará X, parece que você não seria livre para abster-se do ato.
Inicialmente, esse paradoxo parece fácil de ser resolvido. Se Deus conhece sua ação livre, então Ele sabe que você fará algo livremente e que poderia ter se abstido disso. O conhecimento prévio de Deus do ato não o torna necessário. Não surgiria o paradoxo apenas porque a proposição "Necessariamente, se Deus conhece X, então X" é confundida com "Se Deus conhece X, então necessariamente X?" Afinal, se alguém souber que você está lendo este texto agora, então é necessariamente verdade que você está lendo este texto, mas sua leitura ainda pode ser vista como um estado de coisas contingente e não necessário. Mas o problema não é tão facilmente resolvido, ao contrário, visto que o conhecimento de Deus, diferente do conhecimento humano, é infalível, e se Deus sabe infalivelmente que algum estado de coisas se dará, não pode ser que o estado de coisas não se realize. Pense no que às vezes é chamado de necessidade do passado. Depois que um estado de coisas se dá, é inalterável ou necessário o fato de que ele ocorreu. Se o futuro é conhecido de maneira precisa e abrangente, não é o futuro assim como o passado, um fato necessário ou inalterável? Se o problema for colocado em termos de primeira pessoa e se imaginarmos que Deus saiba de antemão que você livremente passará para um post diferente deste blog (além dele também saber com precisão insuperável quando você fará isso, qual post você selecionará e o que pensará), diante disso uma solução fácil do paradoxo parece enganosa. Para enfatizar a natureza desse problema, imagine que Deus lhe diga o que você fará livremente na próxima hora. Sob tais condições, ainda é inteligível acreditar que você tem a capacidade de fazer o contrário, se isso é conhecido por Deus e por você mesmo o que você realmente escolherá fazer? O autoconhecimento prévio, então, produz um problema adicional, porque a psicologia da escolha parece exigir uma ignorância prévia sobre o que será escolhido.
Várias respostas foram dadas em relação ao debate sobre liberdade e conhecimento prévio. Alguns adotam o compatibilismo, afirmando a compatibilidade do livre arbítrio e do determinismo, e concluem que o pré-conhecimento não é mais ameaçador para a liberdade do que o determinismo. Embora alguns teístas filosóficos importantes no passado tenham seguido esse caminho (mais dramaticamente Jonathan Edwards (1703–1758)), essa parece ser a posição minoritária na filosofia da religião hoje (as exceções incluem Paul Helm, John Fischer e Lynne Baker). Uma segunda posição adere à perspectiva libertária, que insiste que a liberdade envolve um exercício radical e indeterminista do poder, e conclui que Deus não pode conhecer a ação livre futura. O que impede esses filósofos de negar que Deus é onisciente é que eles afirmam que não há verdades sobre ações futuras livres, ou que, embora existam verdades sobre o futuro, Deus ou não pode conhecer essas verdades (Swinburne) ou decide livremente não as conhecer para preservar a livre escolha (John Lucas). Na primeira visão, antes de alguém realizar uma ação livre, não há fato de que ele ou ela realizará um determinado ato. Isso está de acordo com uma interpretação tradicional, mas controversa, da filosofia do tempo e verdade de Aristóteles. Aristóteles parece ter pensado que não era verdadeiro nem falso antes de uma determinada batalha marítima se um determinado lado venceria. Alguns teístas, como Richard Swinburne, adotam essa linha hoje, sustentando que o futuro não pode ser conhecido. Se o futuro não puder ser conhecido por razões metafísicas, a onisciência pode ser analisada como o conhecimento de tudo o que é possível conhecer. Que Deus não possa conhecer a ação futura livre não é uma indicação contra a onisciência de Deus assim como a incapacidade de Deus de criar círculos quadrados não é uma indicação contra a onipotência de Deus. Outros filósofos negam o paradoxo original. Eles insistem que a presciência de Deus é compatível com a liberdade libertária e procuram resolver o dilema, alegando que Deus não está vinculado ao tempo (Deus não simplesmente tem presciência do futuro, Ele conhece o que para nós é o futuro de um ponto de vista eterno) e argumentando que o ponto de vista único de um Deus onisciente impede qualquer impacto na liberdade. Deus pode simplesmente conhecer o futuro sem que isso tenha que ser fundamentado em um futuro determinado e estabelecido. Mas isso só funciona se não houver necessidade da eternidade análoga à necessidade do passado. Por que pensar que temos mais controle sobre a crença atemporal de Deus do que sobre a crença passada de Deus? Caso contrário, existe um dilema exatamente paralelo de conhecimento atemporal. Para uma excelente análise atual da liberdade e do conhecimento prévio, confira o trabalho de Linda Zagzebski.
2. ETERNIDADE
Poderia haver um ente que estivesse fora do tempo? Nas grandes tradições monoteístas, Deus é considerado sem qualquer tipo de começo ou fim. Deus nunca, de fato, nunca pode deixar de existir. Alguns teístas filosóficos sustentam que a temporalidade de Deus é muito parecida com a nossa, no sentido de que existe um antes, durante e um depois para Deus, ou um passado, presente e futuro para Deus. Essa visão às vezes é chamada de tese da duração eterna de Deus. Aqueles que adotam uma postura mais radical afirmam que Deus é independente da temporalidade, argumentando que Deus não está no tempo, ou que Deus existe "simultaneamente" em todos os tempos. Às vezes, isso é chamado de tese da eternidade de Deus, em contraste com a noção de "duração eterna".
Por que adotar uma postura mais radical? Uma razão, já observada, é que, se Deus não está vinculado ao tempo, pode haver uma solução para o problema anterior de reconciliar liberdade e presciência. Como Santo Agostinho de Hipona pontuou:
de modo que daquelas coisas que emergem no tempo, o futuro, de fato, ainda não é, e o presente agora é, e o passado não é mais; mas tudo isso por Ele é compreendido em Sua presença estável e eterna. (The City of God, XI.21)
Se Deus está fora do tempo, também pode haver um fundamento seguro explicando a imutabilidade, incorruptibilidade e imortalidade de Deus. Além disso, pode haver uma oportunidade de usar a posição de que Deus está fora do tempo para lançar um argumento de que Deus é o criador do tempo.
Aqueles que afirmam que Deus não é limitado por sequências temporais enfrentam vários quebra-cabeças que considerarei sem tentar resolver. Se Deus está de alguma forma em todos os tempos, Deus existe simultaneamente em cada um? Nesse caso, há o seguinte problema: Se Deus existe de maneira simultânea ao evento de Roma queimando em 410d.C., e também de maneira simultânea com à leitura deste texto, parece que Roma deve estar queimando ao mesmo tempo em que você está lendo este texto. (Esse problema foi desenvolvido por Nelson Pike (1970); Stump & Kretzmann 1981 responderam que a simultaneidade envolvida no conhecimento eterno de Deus não é transitiva). Um problema diferente surge com respeito à eternidade e onisciência. Se Deus está fora do tempo, Deus pode saber que horas são agora? Indiscutivelmente, existe um fato de que é agora, digamos, meia-noite de 18 de fevereiro de 2020. Um Deus fora do tempo pode saber que à meia-noite de 18 de fevereiro de 2018 certas coisas ocorrem, mas Deus poderia saber quando é agora? O problema é que, quanto mais ênfase é colocada na alegação de que a existência suprema de Deus é independente do tempo, mais esse alguém parece colocar em risco considerar seriamente o tempo como ele é conhecido. Finalmente, enquanto as grandes tradições monoteístas fornecem um retrato do divino como supremamente diferente da criação, há também uma insistência na proximidade ou imanência de Deus. Para alguns teístas, descrever Deus como uma pessoa ou semelhante a uma pessoa (Deus ama, age, conhece) não é um equívoco. Mas não está claro que um Deus eterno possa ser pessoal. Para um trabalho recente sobre a relação de Deus com o tempo, confira o trabalho de Katherine Rogers (2007, 2008).
3. A BONDADE DE DEUS
Todas as religiões conhecidas do mundo tratam da natureza do bem e do mal e recomendam maneiras de alcançar o bem-estar humano, seja em termos de salvação, libertação, iluminação, tranquilidade ou um estado sem ego do Nirvana. Apesar de diferenças importantes, há uma sobreposição substancial entre muitas dessas concepções do bem, como testemunhado pelo elogio da Regra de Ouro (“tudo que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles”) em muitas religiões. Algumas religiões interpretam o divino como estando, em algum aspecto, além de nossas noções humanas de bem e mal. Em algumas formas de hinduísmo, por exemplo, Brâman tem sido exaltado por possuir uma espécie de transcendência moral, e alguns teólogos e filósofos cristãos também insistiram que Deus é (se é que é) apenas um agente moral em um sentido altamente qualificado (Davies 1993). Chamar a Deus de bom é, para eles, muito diferente de chamar um ser humano de bom.
Consideraremos aqui apenas algumas das maneiras pelas quais os filósofos articularam o que significa chamar Deus de bom. Ao tratar do assunto, houve uma tendência para explicar a bondade de Deus em termos de padrões que não são criação de Deus e, portanto, em certa medida, independentes da vontade de Deus, ou em termos da vontade de Deus e dos padrões que Deus criou. Essa última visão foi denominada voluntarismo teísta. Uma versão comum do voluntarismo teísta é a afirmação de que algo ser bom ou certo significa simplesmente que Deus aprova ou permite esse algo e que algo é ruim ou errado significa que Deus desaprova ou proíbe esse algo.
Os voluntaristas teístas enfrentam várias dificuldades: a linguagem moral parece inteligível sem ter que ser explicada em termos da vontade divina. De fato, muitas pessoas fazem o que consideram ser julgamentos morais objetivos, sem fazer nenhuma referência a Deus. Se elas estão usando a linguagem moral de maneira inteligível, como é que o próprio significado dessa linguagem moral deve ser analisado em termos de volições divinas? Novos trabalhos na filosofia da linguagem podem ser úteis para os voluntaristas teístas. De acordo com uma teoria causal da referência, "água" designa necessariamente H2O. Não é um fato contingente que a água seja H2O, apesar de muitas pessoas poderem usar o termo “água” sem conhecer sua composição. De modo similar, não seria possível que “bom” possa se referir àquilo que é desejado por Deus, mesmo que muitas pessoas não tenham consciência (ou até neguem) a existência de Deus? Outra dificuldade do voluntarismo reside em explicar o aparente conteúdo significativo de afirmações como "Deus é bom". Parece que, ao chamar Deus ou, em particular, a vontade de Deus de "bom", o crente religioso está dizendo mais do que "Deus deseja o que Deus deseja". Nesse caso, a própria noção de bondade não deve ter algum significado independente da vontade de Deus? Também está em questão a preocupação de que, se o voluntarismo for aceito, o teísta terá ameaçado a objetividade normativa dos julgamentos morais. Será que Deus poderia fazer com que os julgamentos morais fossem invertidos? Por exemplo, Deus poderia tornar a crueldade boa? Indiscutivelmente, o universo moral não é tão maleável. Em resposta, alguns voluntaristas procuraram entender a estabilidade das leis morais à luz da natureza imutavelmente fixa e necessária de Deus.
Uma posição não-voluntarista entende a bondade de Deus em termos do ser de Deus (em oposição à vontade de Deus somente). Tomás de Aquino e outros sustentam que Deus é essencialmente bom em virtude do próprio ser de Deus. Todas essas posições são não-voluntaristas, na medida em que não afirmam que o que significa algo ser bom é que Deus deseja que seja. A bondade de Deus pode ser articulada de várias maneiras, argumentando que a perfeição de Deus exige que Deus seja bom como agente ou argumentando que a bondade de Deus pode ser articulada em termos de outros atributos divinos, como os descritos acima. Por exemplo, dado que o conhecimento é em si bom, a onisciência é um bem supremo. Deus também tem sido considerado bom na medida em que Ele criou e conserva na existência um bom cosmos. Os debates sobre o problema do mal (se Deus é realmente onipotente e perfeitamente bom, por que existe o mal?) têm pungência justamente porque um lado desafia esse julgamento principal sobre a bondade de Deus.
A escolha entre voluntarismo e ver o ser de Deus como bom, raramente é rigorosa. Alguns teístas que se opõem a um voluntarismo como um todo permitem elementos voluntaristas parciais. De acordo com uma dessas posições moderadas, enquanto Deus não pode tornar a crueldade boa, Deus pode fazer algumas ações moralmente exigidas ou moralmente proibidas que de outra forma seriam moralmente neutras. Os argumentos para isso têm sidos baseados na tese de que o cosmos e todo o seu conteúdo são criação de Deus. De acordo com algumas teorias da propriedade, um agente que faz algo de bom obtém direitos sobre a propriedade. Os movimentos cruciais nos argumentos de que o cosmos e seu conteúdo pertencem ao seu Criador têm sido no sentido de se proteger da ideia de que os pais humanos “teriam” seus filhos (eles não os têm, porque os pais não são criadores radicais como Deus), e da ideia de que a propriedade divina permitiria qualquer coisa, interpretando assim os deveres humanos devidos a Deus como deveres de um servo a um mestre (uma visão à qual nem todos os teístas se opuseram). As teorias que explicam por que e como o cosmos pertence a Deus têm sido proeminentes nas três tradições monoteístas. Platão defendeu essa noção, assim como Tomás de Aquino e Locke (para uma defesa, confira: Brody 1974).
Um novo desenvolvimento na teorização sobre a bondade de Deus tem sido feito por Zagzebski 2004. Zagzebski afirma que ser uma pessoa virtuosa exemplar consiste em ter bons motivos. Os motivos têm uma estrutura interna, afetiva ou emotiva. Uma emoção é "uma percepção afetiva do mundo" (2004: xvi) que "inicia e dirige a ação" (2004: 1). O fundamento final do que torna bons os motivos humanos é que eles estejam de acordo com os motivos de Deus. A teoria de Zagzebski é talvez a teoria da virtude mais ambiciosa já publicada, oferecendo um relato das virtudes humanas à luz do teísmo. Nem todos os teístas concordam com sua afirmação ousada de que Deus é uma pessoa que tem emoções, mas muitos aceitam que (pelo menos em algum sentido analógico) Deus possa ser visto como pessoal e com estados afetivos.
Deve-se notar que, além da atenção aos atributos divinos clássicos discutidos nesta seção, também tem se trabalhado filosoficamente sobre simplicidade divina, imutabilidade, impassibilidade, onipresença, liberdade de Deus, necessidade divina, soberania, relacionamento de Deus com objetos abstratos, ensinamentos cristãos sobre a Trindade, a encarnação, a expiação, os sacramentos e muito mais.
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**** AS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SE ENCONTRAM NO FINAL DA PARTE II
Traduzido de: Taliaferro, Charles, "Filosofia da Religião", The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Edição de outono de 2019), Edward N. Zalta (ed.), URL = https://plato.stanford.edu/entries/philosophy-religion/
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