A IDEOLOGIA ALEMÃ: CRÍTICA A LUDWIG FEUERBACH - MARX & ENGELS (RESUMO)



O que se segue é um resumo dos artigos, rascunhos e anotações presentes em A Ideologia Alemã de Karl Marx e Friedrich Engels que se dedicam a fazer uma crítica da filosofia de Ludwig Feuerbach. Isso inclui os textos: Feuerbach e HistóriaFeuerbach; I. Feuerbach A. A ideologia em geral, em especial a alemã; I. Feuerbach (Introdução) 1. A ideologia em geral, em especial a filosofia alemãI. Feuerbach – fragmento 1I. Feuerbach – fragmento 2. O resumo se divide em cinco partes: (i) A Ideologia Alemã; (ii) a Filosofia de Feuerbach; (iii) pressupostos da crítica; (iv) o trabalho do humano sobre a natureza; (v) o trabalho do humano sobre outros humanos. É importante colocar que este resumo é apenas uma apresentação do texto original de forma compactada, sem paráfrases ou resenhas críticas. A ideia é de que o texto permaneça do autor original.

I. A IDEOLOGIA ALEMà

A mais recente filosofia alemã é dependente do sistema hegeliano. Essa dependência de Hegel é o motivo pelo qual nenhum dos recentes filósofos alemães tentaram empreender uma crítica abrangente do sistema hegeliano, mesmo que eles afirmem ter superado Hegel. Suas polêmicas contra Hegel e entre si se limitam ao fato de que cada um deles isola um aspecto do sistema hegeliano. No começo, esses filósofos trabalhavam com categorias hegelianas puras, como substâncias e autoconsciências, mas, mais tarde, profanaram-se essas categorias com nomes mais mundanos, como o “Gênero”, o “Único”, o “Humano”. 
Esses filósofos alemães dedicaram-se à crítica das representações religiosas, criticando também as representações metafísicas, políticas, jurídicas, morais e outras entendendo-as como representações religiosas ou teológicas. Toda relação dominante foi declarada por esses filósofos como uma relação religiosa, e transformada em culto, culto ao direito, culto ao Estado, etc. O problema é que esses críticos combatiam apenas fraseologias, sem combater de fato o mundo real existente. 
Apesar disso, esses ideólogos acreditam ter operado uma verdadeira revolução, considerada maior até mesmo que a revolução francesa. Eles dizem que a Alemanha teria passado por uma revolução sem igual com um processo de decomposição do sistema hegeliano. Tudo isso teria acontecido no terreno do pensamento puro, algo como um processo de apodrecimento do espírito absoluto. A filosofia burguesa que antes havia vivido da exploração do espírito absoluto, lançava-se a novas combinações. 

II. A FILOSOFIA DE FEUERBACH 

Entre os ideólogos alemães está Ludwing Feuerbach. Toda a filosofia de Feuerbach decorre de: (i) filosofia da natureza: veneração passiva da onipotência da natureza; (ii) antropologia: (a) fisiologia: união corpo e alma; (b) psicologia: culto da natureza e; (iiiExigência moral: conceito do “humano”.  
Feuerbach entende que na fase atual do desenvolvimento, os humanos só podem satisfazer suas necessidades no interior da sociedade e que os humanos só podem desenvolver suas necessidades estabelecendo relações entre si, salientando o fato trivial da inevitabilidade do intercâmbio entre os humanos. A tarefa dos tempos modernos, como se vê em Feuerbach, foi a realização e humanização de Deus, a transformação e dissolução da teologia na antropologia. 
Feuerbach também estabeleceu uma distinção entre o catolicismo e o protestantismo. No Catolicismo, a teologia dedica-se àquilo que Deus é em si mesmo, tendo uma tendência especulativa e contemplativa, já o protestantismo é uma mera cristologia, abandonando Deus a si mesmo e abandonando a especulação e a contemplação à filosofia, estabelecendo, assim, uma divisão de trabalho. 
Feuerbach entende ainda que o ser não é um conceito geral, separável das coisas, antes ele está em unidade com o ente. O ser é a posição da essência e inseparável desta. Por fim, de acordo com Feuerbach o único meio de unir sem contradição determinações opostas ou contraditórias em uma e mesma essência é o tempo. 

III. PRESSUPOSTOS DA CRÍTICA 

Os ideólogos alemães partem do pressuposto de que são as ideias e a consciência que determinam a vida. Isso significa que eles partem daquilo que os humanos pensam, representam e imaginam, concebendo a moral, a religião e a metafísica como possuindo uma certa autonomia. Assim, as ideias são separadas da história real e concebidas de maneira abstrata. 
Nós, por outro lado, partimos da observação empírica e concebemos as ideias como produtos de sujeitos reais e concretos. Entendemos que a produção de ideias, de representações e da consciência, está entrelaçada com a atividade material e a vida real dos humanos. Ao contrário da recente filosofia alemã, partimos de pessoas reais, de carne e osso, em suas condições reais de vida. São os humanos quem produzem modos de pensar a partir de suas realidades materiais e concretas. Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência. 
Assim, nossos pressupostos não são ideológicos, dogmáticos e arbitrários, mas pressupostos reais. Os pressupostos de nossa crítica são os indivíduos reais, em suas condições materiais de vida. Podemos colocar como pressupostos básicos que: (i) os indivíduos humanos vivos existem: os humanos apresentam uma organização corporal por meio da qual se relacionam com o restante da natureza; (ii) os humanos começam a se distinguir dos animais tão logo começam a produzir seus meios de vidas: ao produzir seus meios de vida, os humanos produzem, imediatamente, sua própria vida material; (iii) tal como os indivíduos exteriorizam a sua vida assim são eles: o que os indivíduos são depende das condições materiais de sua produção; (iv) a produção dos meios de vida aparece, primeiramente como aumento da população: a forma de intercâmbio entre os indivíduos é condicionada pela produção. 

IV. O TRABALHO DO HUMANO SOBRE A NATUREZA 

Os ideólogos alemães não foram capazes de operar a libertação do humano. Só é possível alcançar a libertação real no mundo real e pelo emprego de meios reais. Não é possível libertar os humanos enquanto estes forem incapazes de obter alimentação e bebida, habitação e vestimenta, em qualidade e quantidade adequadas. A libertação é um ato histórico e não um ato do pensamento. 
concepção de Feuerbach sobre o mundo sensível se limita, por um lado, à mera contemplação  do mundo e, por outro lado, à mera sensação. Essa concepção não concebe os indivíduos em sua conexão social dada, em suas condições de vida existentes, ela não chega nunca até os indivíduos ativos, realmente existentes, mas permanece na abstração. Já para o comunista, é preciso revolucionar o mundo, enfrentar e transformar de maneira prática o estado de coisas por ele encontrado.   
Os comunistas entendem que os humanos têm de estar em condições de viver para poder fazer história. Mas, para viver, precisa-se, antes de tudo, de comida, bebida, moradia, vestimenta e algumas coisas mais. Podemos considerar três atos históricos dos humanos no sentido de produzir os meios para a sua existência: (i) produção da vida material: a produção dos meios para a satisfação das necessidades da vida; (ii) produção de novas necessidades: a satisfação das necessidades da vida, a ação de satisfazê-la e o instrumento de satisfação já adquirido conduzem a novas necessidades; (iii) criação da família: os indivíduos que renovam diariamente sua própria vida, começam a criar outros indivíduos através da procriação. 
A produção da vida pode ser distinguida entre produção de vida alheia, que se dá através da procriação (relação alheira) e produção de vida própria, que se dá através do trabalho (relação social). Esse processo de produção da vida envolve três movimentos: (i) força de produção: um determinado modo de produção está sempre ligado a um determinado modo de cooperação que é, ele próprio, uma força produtiva; (ii) estado social: a partir do momento em que o ser humano tem consciência da necessidade de formar relações com outros humanos que o cercam, dá-se início à consciência de que o humano vive em sociedade; (iii) consciência: a partir do momento em que surge uma divisão de trabalho não baseada em relações naturais, aparecendo uma divisão entre trabalho material e trabalho espiritual, a consciência pode realmente imaginar ser outro coisa diferente da consciência da praxis existente, a partir de então a consciência está em condições de emancipar-se do mundo e lançar-se à construção teórica, da teologia., da filosofia e da moral puras. 

V. O TRABALHO DO HUMANO SOBRE OUTROS HUMANOS 

A propriedade privada é o poder de dispor da força de trabalho alheia.  A divisão do trabalho e a propriedade privada são expressões idênticas. Com a divisão do trabalho, dá-se ao mesmo tempo a contradição entre o interesse particular e o interesse coletivo que se relacionam mutuamente. É precisamente dessa contradição do interesse particular com o interesse coletivo que o interesse coletivo assume, como Estado, uma forma autônoma, separada dos interesses reais singulares e gerais. 
No desenvolvimento da divisão do trabalho, podemos considerar o surgimento de diferentes formas de propriedade: (i) propriedade tribal: corresponde à fase não desenvolvida da produção, em que um povo se alimenta da caça e da pesca, da criação de gado ou, no máximo da agricultura; (ii) propriedade estatal ou comunal: resulta na unificação de mais de uma tribo numa cidade e surge uma oposição entre cidade e campo; (iii) propriedade feudal ou estamental: baseia-se numa comunidade em que não são mais os escravos, mas sim os pequenos camponeses a classe imediatamente produtora, pode se falar nessa fase de um capital estamental; (iv) propriedade privada moderna: começa com a propriedade mobiliária até chegar à propriedade privada pura, que se despiu de toda a aparência de comunidade e que corresponde ao Estado moderno, pode-se falar aqui de um capital industrial.  
A História nada mais é do que o suceder-se de gerações distintas, em que cada uma delas explora os materiais, os capitais e as forças de produção a elas transmitidas pelas gerações anteriores ao mesmo tempo que modifica essas atividades. Na história que se deu até aqui é sem dúvida um fato empírico que os indivíduos singulares, com a expansão da atividade histórico mundial, tornaram-se cada vez mais submetidos a um poder que lhes é estranho: o mercado mundial 
Podemos considerar, a partir do desenvolvimento da História, os seguintes pontos: (i) no desenvolvimento das forças produtivas advém uma fase em que surgem forças produtivas e meios de intercâmbio que, no marco das relações existentes, causam somente malefícios e não são mais forças de produção, mas forças de destruição; (ii as condições sob as quais determinadas forças produtivas podem ser utilizadas são as condições de uma determinada sociedade, cujo poder social, derivado de sua riqueza, tem sua expressão prático-idealista na forma de Estado; (iii) em todas as revoluções anteriores a forma de atividade permaneceu intocada e tratava-se apenas de instaurar uma outra forma de distribuição dessa atividade; (iv) a criação de uma consciência comunista nos indivíduos revela um movimento pático por uma revolução que derrube a atual ordem vigente e se torne capaz de uma nova fundação da sociedade.  
Os comunistas entendem que toda classe que almeje a dominação, ainda que sua dominação como é o caso do proletariado, exija a superação de toda a antiga forma de sociedade e a superação da dominação em geral, deve primeiro conquistar o poder político, para apresentar seu interesse como o interesse geral. Na sociedade comunista, cada pessoa não tem um campo de trabalho exclusivo, não há uma fixação da atividade social. Cada um pode aperfeiçoar-se em todos os ramos que lhe agradam, a sociedade regula a produção geral e confere ao indivíduo a possibilidade de se dedicar a diversas tarefas durante o dia. 




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