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A QUESTÃO JUDAICA - BRUNO BAUER (RESUMO)



O que se segue é um resumo parcial do texto A Questão Judaica do teólogo e filósofo alemão Bruno Bauer. Bauer argumenta que os judeus mereciam a opressão que sofriam na sociedade europeia, porque eles seriam um povo atrasado e que não havia participado da construção da “civilização cristã ocidental”. O texto foi escrito em 1843 e é um claro exemplo de antissemitismo. O resumo deste texto só aparece aqui para que se possa entender a crítica de Karl Marx a Bauer. Espero que qualquer leitor de boa consciência fique horrorizado com as coisas defendidas neste texto. É importante colocar que este resumo é apenas uma apresentação do texto original de forma compactada, sem paráfrases ou resenhas críticas. A ideia é de que o texto permaneça do autor original.


I. INTRODUÇÃO

“Liberdade, direitos do homem, emancipação e reparação de uma antiga injustiça”, são direitos e deveres tão justos que sua simples evocação é suficiente para encontrar um eco favorável em todo homem de bem. Nos debates atuais sobre a questão judaica, frequentemente ouvimos essas palavras. Isso faz com aqueles que fazem críticas aos judeus sejam vistos como traidores. Essa é a origem da estranha posição na qual os defensores da emancipação dos judeus se colocaram: eles lutam contra privilégios e, ao mesmo tempo, dão ao judaísmo o privilégio de ser incriticável.
Os defensores da emancipação judaica exigem que os cristãos e o Estado cristão abandonem preconceitos que não são apenas caros para o coração, mas que estão no fundo do coração e do ser; mas eles não exigem isso dos judeus. Eles não atacam o judaísmo. O mundo cristão não deixará de sofrer grandes males por causa disso: os judeus não deveriam experimentá-los, deveriam possuir direitos iguais aos que pagaram os tempos modernos com luta e sofrimento? Como eles conseguiram! Como se, em um mundo que não criaram, para o qual não deram sua contribuição e para o qual, antes, tivessem que resistir por causa da imutabilidade de sua essência, pudessem se sentir à vontade e se sentir em casa! Por isso, é preciso pensar a questão judaica de maneira crítica.

II. FORMULAÇÃO CORRETA DA PERGUNTA

          Geralmente se fala dos judeus como mártires que sofrem inocentemente. Mas a pergunta que se deve responder é: os judeus que sofreram por sua lei, seus costumes e nacionalidade, ou por serem mártires inocentes? Devemos responder que os judeus também foram responsáveis pela opressão que sofreram, porque a provocaram com sua adesão à lei, à linguagem e a toda a essência. Você não pode oprimir algo inexistente, é necessário que os oprimidos causem a opressão com todo o seu ser e a propósito disso. Na História, não há nada além da lei da causalidade; os judeus menos do que ninguém podiam ficar à parte, pois, pela dureza com que defendiam sua nacionalidade e que seus defensores celebram e admiram neles, reagiram contra os movimentos e mudanças da história. A história exige evolução, novas fases, progresso e transformações; os judeus queriam permanecer os mesmos; eles lutaram, portanto, contra a primeira lei da história. Os judeus foram oprimidos porque primeiro oprimiram e porque estavam marchando contra a maré da história, portanto, eles mereceram ser oprimidos.
            Se considerarmos a Espanha, que condenou a população judaica ao exílio, veremos que a Espanha se libertou sem os judeus da opressão do governo católico. Já na Polônia, que tinha uma constituição que permitia a infiltração dos judeus, essa constituição levou a Polônia à ruína. Se pensarmos na sociedade burguesa, em que cada um usa o outro para atender às suas necessidades, percebemos que o Estado cristão cumpre o papel de restringir a atividade egoísta, já os judeus fazem parte de uma religião que estimula o egoísmo e a usura. Os judeus se colocaram fora dos interesses definidos das condições e corporações sociais, eles se estabeleceram nos interstícios da sociedade burguesa.
            Foram os cristãos, não os judeus, que construíram a maravilhosa sociedade europeia. Quem trabalhou durante dezoito séculos na formação da Europa? Quem criou a arte cristã moderna e encheu as cidades da Europa com monumentos eternos? Quem constituiu as ciências? Quem argumentou sobre a teoria da constituição dos Estados? Não foi nenhum judeu. Os judeus são ingênuos e contrários aos interesses gerais da arte e da ciência. Os judeus são um povo que não evoluíram com a História.
            A hostilidade do mundo cristão em relação ao judaísmo é perfeitamente explicável, pois nenhum deles pode deixar o outro persistir ou reconhecê-lo; se um persiste, o outro não persiste; cada um acredita ser a verdade absoluta; ao reconhecer o outro e recusar, ele nega que seja a verdade. Essa hostilidade não é contrária ao amor cristão, o amor cristão é generoso e fervoroso, apenas no interesse da fé. Ele visa todo homem, mas apenas para oferecer o tesouro da fé, se o homem não quiser se converter, ele deve ser condenado.
            O judeu como tal, ou seja, o judeu que reconhece, ele próprio, que é obrigado por sua verdadeira natureza a viver em uma separação eterna dos outros, mão é capaz de receber direitos universais. Os direitos humanos não são inatos, foram os cristãos que os conquistaram. A religião e costumes dos judeus o forçam a uma separação eterna. O judeu afirma que a essência particular que faz dele um judeu é sua verdadeira essência, sua essência superior, diante da qual sua essência do homem é apagada, de modo que os judeus não são capazes de receber os direitos universais do homem, Do mesmo modo, o cristão como cristão não pode conceder-lhe os direitos do homem. Os Estados cristãos devem recusar cidadania aos judeus.  Os judeus não consideram Jesus o Messias; logo eles negam o mais excelente que o cristão conhece e o cristão não deve manter nenhum relacionamento com o anticristo.

III. CONSIDERAÇÃO CRÍTICA DO JUDAÍSMO

            Para entender quem são os judeus, podemos começar considerando a lei judaica. A lei mosaica prescreve o ritual do sacrifício, o sacerdócio, as relações de propriedade que só são possíveis em Canaã sob a única condição de soberania do povo, a lei mosaica contém, em princípio e em suas disposições mais essenciais, todos os rigores do rabinismo. Mas essa lei é tão rígida que não pode ser observada de forma alguma.
Além da lei mosaica (a Torah), existe o Talmud, o desenvolvimento da lei mosaica e de todo o Antigo Testamento, mas seu desenvolvimento é quimérico, ilusório e insignificante. Esse desenvolvimento é ilusório porque nada mais é que um refinamento extremo do Antigo Testamento, uma barganha com ele, uma repetição diluída dele, mas não uma obra original. A lei judaica não é uma lei de amor e moralidade universal como defendem alguns teólogos, mas uma lei baseada na exclusividade, na limitação e num sistema de adoração sacrificial.
Não existe um espírito popular mais incerto ou mais inconsequente do que o judeu: ele se desenvolve em contradição com sua limitação e continua em concepções que devem suprimir sua lei, mas não leva o progresso a sério, mas não progride realmente, apesar das ideias superiores que lhe são impostas, continuam sendo o que é. O judeu não tem atitudes para com as artes e as ciências porque seu espírito carece da liberalidade e extensão necessárias para estabelecer um relacionamento livre e humano com outros povos, e para lidar teórica e livremente com a natureza e com interesses humanos. Toda a sua essência é, desde o início, reduzida, contraída e finalmente aprisionada nas coisas mais estranhas, fúteis e indiferentes: as chaleiras, os utensílios de cozinha, as roupas e as alcuzas. A dureza, a grosseria, a selvageria e a crueldade eram características do povo judeu em suas guerras, quando lutavam com povos que aos seus olhos eram absolutamente injustificados.

IV. A POSIÇÃO DO CRISTIANISMO EM RELAÇÃO AO JUDAÍSMO

A teologia ortodoxa tem ensinado que o judaísmo era a preparação do Cristianismo e que este é a sua realização. A comunidade cristã nasceu com a afirmação do judaísmo de que ele havia terminado sua carreira e atingido seu limite. Mas o anúncio de que o judaísmo terminou, não é o fim de tudo, ainda aguardamos o retorno de Cristo que estabelecerá um reino futuro. O povo judeu era o povo que definitivamente não era um povo, o povo da Quimera, e também inconsistente nisto: que eles queriam existir como um povo real. O Cristianismo supera essa inconsistência, esse falso reflexo da existência popular e cria as pessoas prodigiosa.
O judaísmo não fez nada além de excluir os outros povos do único povo: a comunidade cristã, ao contrário, exclui todo caráter popular, todas as peculiaridades nacionais, e dirige seu zelo contra qualquer pessoa que queira acreditar em si mesmo e se doar. O judaísmo é baseado em leis de pureza e impureza, que criam um isolamento hipocondrial. O povo judeu não podia produzir um estado real e uma lei popular e não passava de uma reunião de átomos.
O judeu quer que sua religião seja mantida, ela é seu ser, sua totalidade; ele quer fazer com que o reconhecimento dos direitos do homem dependa do reconhecimento e manutenção da religião. O Estado cristão que aceita isso, prepara seu destino e será punido por suas próprias consequências e, por esse motivo, também não poderá reclamar.

V. CONCLUSÃO: A POSIÇÃO DOS JUDEUS NO ESTADO CRISTÃO

O judeu se separa porque ele não considera a essência do homem superior à sua essência particular, porque ele não considera, definitivamente, que a essência do homem é sua essência. Portanto, a lei não deve levar em conta a essência do judeu. O cristão deve reconhecer absolutamente seu privilégio, considerá-lo como a regra de conduta de sua vida e governar segundo ele seu ofício, seu comportamento, amor e caridade. Como o povo maravilhoso dos crentes, o povo de Israel possui um privilégio particular. Um privilégio, portanto, enfrenta o outro: um exclui o outro. O Estado cristão é obrigado a considerar privilégios, salvaguardá-los, mantê-los e apoiar sua construção sobre eles.



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Bruno dos Santos Queiroz

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