CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO - SKINNER (RESUMO)


O que se segue é um resumo do livro Ciência e Comportamento Humano de Burrhus Frederic Skinner. Skinner busca estudar de maneira rigorosa o comportamento humano a partir do método científico, fazendo uma análise precisa e exata a partir de observações empíricas, baseadas em evidências. O resumo, como o livro, se divide em seis partes: (i) a possibilidade de uma ciência do comportamento humano; (ii) a análise do comportamento; (iiio indivíduo como um todo; (iv) o comportamento de pessoas em grupo; (v) agências controladoras e (vi) o controle do comportamento humano. É importante colocar que este resumo é apenas uma apresentação do texto original de forma compactada, sem paráfrases ou resenhas críticas. A ideia é de que o texto permaneça do autor original. 

I. A POSSIBILIDADE DE UMA CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO HUMANO 

A ciência é uma tentativa de descobrir ordem, de mostrar que certos acontecimentos estão ordenadamente relacionados com outros. Os produtos e resultados da ciência muitas vezes são usados de forma irresponsável, no entanto, devemos ter em mente que o problema não está na ciência em si, mas na forma como ela tem sido aplicada. Os métodos da ciência têm tido um sucesso enorme onde quer que tenham sido experimentados. Assim, podemos obter bons resultados aplicando os métodos da ciência aos assuntos humanos. 
A ciência consiste numa disposição de aceitar os fatos, mesmo quando eles contradizem nossos desejos e preconceitos e tem por finalidade nos capacitar a manejar um assunto de forma mais eficiente. Uma ciência do comportamento precisa estar interessada em compreender os fatos sobre o comportamento humano. No entanto, a observação científica do comportamento humano é difícil, pois ele é complexo e consiste num processo fluido mutável. A compreensão científica do comportamento humano pode permitir uma tecnologia de controle, que permita manejar o comportamento de forma eficiente. 
A ciência do comportamento interessa-se por compreender as causas do comportamento. A análise dessas causas pode nos permitir prever, controlar e manipular o comportamento. Há uma tendência de buscar as causas do comportamento dentro do organismo, em fenômenos neurais e psíquicos, esses hábitos tende a obscurecer as variáveis que estão ao alcance da análise científica. Não é que os estados interiores não existam, mas sim que não são relevantes para uma análise funcional. As variáveis que estão ao alcance da análise científica se encontram fora do organismo, em seu ambiente imediato e em sua história ambiental. 
As variáveis externas, das quais o comportamento é função, possibilitam o que pode ser chamado de análise causal ou funcional. Essa análise permite prever e controlar o comportamento de um organismo individual. Chamamos de “variável dependente” o efeito para o qual procuramos a causa e de “variáveis independentes”, as causas do comportamento, as condições externas das quais o comportamento é função. As relações de causa e efeito no comportamento são as leis da ciência do comportamento. Uma síntese destas leis expressa em termos quantitativos desenha um esboço inteligente do organismo como um sistema que se comporta. 
O material a ser analisado por uma ciência do comportamento provém de diversas fontes: (i) observações casuais: a partir das quais se podem fazer generalizações; (ii) observação de campo controlada: dados são colhidos de forma precisa e as conclusões colocadas de forma explícita a partir de instrumentos padronizados; (iii) observação clínica: métodos padronizados de entrevista e teste mostram um comportamento que pode ser facilmente medido, resumido e comparado com o comportamento de outros; (iv) pesquisas em instituições: o comportamento humano pode ser observado em condições rigidamente controladas em pesquisas industriais, militares, e outras instituições; (v) estudos em laboratórios: o estudo do comportamento por meio do método experimental inclui o uso de instrumentos, registradores e a manipulação deliberada de variáveis 

II. A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO 

Certa parte dos comportamentos constitui o âmbito da ação reflexa. O agente externo que produz o comportamento chamamos de estímulo. O comportamento por ele produzido denomina-se resposta. Juntos, o estímulo e a resposta, constituem o que chamamos de reflexo.  Novas relações entre estímulos e respostas podem ser estabelecidas durante a vida do indivíduo, o que chamamos de condicionamento respondente. O processo de condicionamento é um processo de substituição de estímulos. Um estímulo antes neutro adquire o poder de eliciar a resposta que originalmente era eliciada por outro estímulo. A mudança ocorre quando o estímulo neutro for seguido ou “reforçado” pelo estímulo efetivo. O processo inverso pelo qual o estímulo condicionado perde seu poder de evocar a resposta quando deixa de ser reforçado chama-se extinção. 
Os reflexos, condicionados ou não, referem-se principalmente à fisiologia interna do organismo. No entanto, há um outro tipo de comportamento, que chamamos de comportamento operante, que produz algum efeito no mundo ao redor. As consequências do comportamento podem retroagir sobre o organismo. Quando isto acontece, podem alterar a probabilidade de o comportamento ocorrer novamente. Quando uma consequência aumenta a probabilidade de ocorrência chamamos ela de reforço, quando ela diminui essa probabilidade, a designamos como punição. A mudança da frequência constitui o processo de condicionamento operante. Por sua vez, quando um reforço deixa de ser dado e a resposta torna-se menos e menos frequente, temos o que pode ser denominado como extinção operante. 
Os eventos que se verifica serem reforçadores são de dois tipos. Alguns reforços consistem na apresentação de estímulos, no acréscimo de alguma coisa, estes são denominados reforços positivos. Outros consistem na remoção de alguma coisa da situação, estes se denominam reforços negativos. Em ambos os casos o efeito do reforço é o mesmo: a probabilidade da resposta será aumentada. 
Um estímulo que seja apresentado no reforçamento operante pode ser emparelhado com outro no condicionamento respondente. Os reforçadores condicionados são, com frequência, o produto de contingências naturais. Um reforçador condicionado pode ser generalizado, um reforçador condicionado será generalizado quando for emparelhado com mais de um reforçador primário. 
Para que ocorra um condicionamento operante, não é necessário que haja uma conexão permanente entre resposta e reforço. No que diz respeito ao organismo, a única propriedade importante da contingência é a temporal. O reforçador simplesmente sucede à resposta, sem importar como isso se dá. Devido a isso, um reforço pode produzir um comportamento supersticioso, no qual uma resposta é reforçada por um estímulo não relacionado a ela.  
O condicionamento operante modela o comportamento como o escultor modela a argila. A modelagem é o processo que consiste na modificação gradual de algum comportamento por aproximações sucessivas. Chamamos de habilidade à produção de pequenas mudanças na direção de uma maior eficácia em uma unidade existente de respostas. A contingência que aperfeiçoa a habilidade é o reforço diferencial de respostas, o reforçamento diferencial é o processo no qual algumas respostas são escolhidas para serem reforçadas enquanto outras não. 
Em geral, o comportamento que age sobre o meio físico imediato é consistentemente reforçado. Grande parte do comportamento, entretanto, é reforçado apenas intermitentemente.  Chamamos de reforçamento intermitente, o processo de reforçamento de algumas, mas não de todas as respostas de uma classe operante. Há também o que podemos chamar de reforços em intervalos, quando um estímulo reforçador é apresentado várias vezes em intervalos regulares. Temos ainda o que podemos denominar como reforços em razão, em que o reforçamento ocorre segundo um esquema de razão fixa entre as respostas reforçadas e as respostas não reforçadas. Outro esquema de reforçamento é o esquema intercruzado, no qual as propriedades de intervalos entre respostas variam juntos de acordo com alguma função comum. 
Os estímulos agem continuamente sobre o organismo, mas sua conexão funcional com o comportamento operante não é a mesma que no reflexo. O comportamento operante, em resumo, é emitido e não eliciado. Muitos comportamentos operantes, entretanto, adquirem conexões importantes com o mundo ao redor. Chamamos de discriminação o processo através do qual há uma maior probabilidade de resposta diante de um estímulo do que de outro. Assim, denominamos como estímulo discriminativo aquele que sinaliza a disponibilidade de reforço e estabelece a ocasião para a ocorrência de respostas que produzam reforçadores. O estímulo discriminativo não elicia a resposta, simplesmente altera sua probabilidade de ocorrência. 
Podemos compreender do que foi dito até aqui, que o meio ambiente é de tal modo construído que certas coisas tendem a acontecer juntas. O organismo é de tal modo construído que seu comportamento muda quando entra em contato com este ambiente. Há três casos principais: (i) certos eventos tendem a ocorrer associados: o condicionamento respondente é o efeito correspondente sobre o comportamento; (ii) Certas atividades do organismo efetuam certas mudanças no ambiente: O condicionamento operante é o efeito correspondente sobre o comportamento. (iii) Certos eventos são as ocasiões nas quais certas ações efetuam certas mudanças no ambiente: a discriminação operante é o efeito correspondente sobre o comportamento. 
Também é característico do ambiente normal o fato de que os eventos ocorrem associados em certas relações temporais. Quando propriedades temporais são somadas à contingência do operante discriminativo, alguns efeitos especiais se seguem. Às vezes uma resposta é reforçada apenas se é feita tão rapidamente quanto o possível depois do aparecimento de um dado estímulo. Uma resposta pode ser reforçada também, apenas se for retardada um determinado intervalo de tempo depois da apresentação do estímulo. 
Uma vez colocado o comportamento sob o controle de um dado estímulo, frequentemente verificamos que outros estímulos também são eficazes. Chamamos de indução, a difusão dos efeitos do reforço, punição ou extinção para fora dos limites de uma classe operante. A indução (ou generalização) não é uma atividade do organismo; é simplesmente um termo que descreve o fato de que o controle adquirido por um estímulo é compartilhado por outros estímulos com propriedades comuns, ou, posto em outras palavras, que o controle é compartilhado por todas as propriedades do estímulo tomadas separadamente. 
O comportamento pode ser colocado sob o controle de uma única propriedade ou de uma combinação especial de propriedades de um estímulo e ao mesmo tempo liberado do controle de todas as outras propriedades. O resultado característico é conhecido como abstração. A abstração, portanto, consiste na discriminação baseada em uma propriedade singular do estímulo.  
Em relação ao reforçamento, é importante considerar agora a privação e a saciação. A privação consiste na redução na disponibilidade de um reforçador de modo a aumentar a probabilidade de ocorrência de comportamentos que produzam esse estímulo. Por sua vez, denominamos de saciação a apresentação continuada de um reforçador de modo a diminuir a probabilidade de ocorrência de comportamentos que produzam esse estímulo. 
Algumas vezes a mera emissão do comportamento é saciadora, e privamos então o organismo simplesmente tomando o comportamento impossível. Quando o comportamento é sempre possível, mostra certa periodicidade. Quando é possível estabelecer o período, podemos usar o tempo como uma variável independente na predição do comportamento. 
Consideremos agora as emoções. As “emoções” são exemplos das causas fictícias às quais comumente atribuímos o comportamento. O que designamos por emoções são, na verdade, são uma série de comportamentos principalmente respondentes. Algumas respostas emocionais podem consistir em comportamentos aversivos, que são respostas a condições aversivas, exemplos desses comportamentos são a evitação, quando o indivíduo evita a ocorrência de um evento aversivo, e a ansiedade, que ocorre quando, não havendo evitação possível, há uma supressão de comportamentos operantes vigentes diante de um estímulo pré-aversivo. 
Estímulos aversivos têm sido usados como punição. A punição é muitas vezes usada por instituições sociais para punir comportamentos considerados errados. No entanto, sabemos que a punição não funciona, mesmo sob punição severa e prolongada, a frequência de resposta aumenta assim que cessa a punição, assim, o efeito dos estímulos aversivos usados na punição se confina à situação imediata. Outro efeito da punição é que se uma dada resposta for seguida por um estímulo aversivo, qualquer estimulação que acompanhe a resposta, originando-se do próprio comportamento ou de circunstâncias concomitantes, será condicionada. 
Além de ser ineficiente, o uso da punição traz diversas consequências ruins, como redução da felicidade, a produção de conflitos perturbadores, talvez o resultado mais perturbador seja obtido quando o comportamento punido for reflexo, neste caso não há como fazer o contrário. Precisamos, assim, pensar em alternativas à punição, podemos evitar o uso da punição enfraquecendo um operante de outras maneiras, tais como: (i) modificação das circunstâncias; (ii) deixando o tempo passar; (iii) por meio da extinção e; (ivatravés do reforçamento positivo por meio de um comportamento incompatível. 

III. O INDIVÍDUO COMO UM TODO 

A noção de controle está implícita em uma análise funcional. Quando descobrimos uma variável independente que possa ser controlada, encontramos um meio de controlar o comportamento que for função dela. Quando se trata do controle, primeiro devemos considerar a possibilidade de que o indivíduo possa controlar seu próprio comportamento. Com frequência o indivíduo passa a controlar parte de seu próprio comportamento quando uma resposta tem consequências que provocam conflitos, quando leva tanto ao reforçamento positivo quanto ao negativo. 
Algumas cnicas de controle são: (i) restrição física: consiste em estabelecer limitações físicas, como restrição do espaço e dos movimentos, que impeçam ou dificultem a realização de determinado comportamento; (ii) ajuda física: consiste em aumentar a probabilidade de uma forma desejável de comportamento fornecendo condições físicas facilitadoras; (iii) mudança de estímulos: podemos criar ou eliminar ocasiões para determinada resposta; (iv) privação: uma pessoa pode criar um estado de privação para aumentar determinada resposta; (v) saciação: uma pessoa pode criar um estado de saciação para diminuir a possibilidade de determinada resposta; (vi) manipulação de condições emocionais: podemos induzir mudanças emocionais em nós mesmos com propósitos de controle; (vii) uso de estimulação aversiva: quando dispomos um estímulo fortemente aversivo ao qual temos de responder de um determinado modo; (viii) drogas: através do uso de certas substâncias podemos estimular o efeito de outras variáveis de controle; (ix) condicionamento operante: por meio do autorreforço do comportamento operante; (x) punição: um indivíduo pode se autoestimular aversivamente; (xi) fazer alguma outra coisa: o indivíduo pode evitar de se empenhar em um comportamento que leve à punição empenhando-se energicamente em alguma outra coisa 
No autocontrole os cursos de ação alternativos são adiantadamente especificáveis, e a questão pode ser resolvida antes que o controle seja exercido. Podemos considerar, a partir disso, o comportamento de tomar uma decisão. O indivíduo manipula variáveis relevantes ao tomar uma decisão, porque se assim o fizer tem certas consequências reforçadoras. Uma dessas é simplesmente fugir da indecisão. Ao tomar uma decisão os cursos de ação alternativos podem ser previamente especificados, mesmo que a consequência não seja antevista, daí a importância do comportamento de lembrar, que consiste na resposta privada ocasionada por um estímulo que já não está presente publicamente. 
A questão da lembrança nos leva a considerar o comportamento privado, aquele aos que só a própria pessoa que os emite tem acesso. Quando dizemos que o comportamento é função do ambiente, o termo “ambiente” presumivelmente significa qualquer evento no universo capaz de afetar o organismo. Mas parte do universo está encerrada dentro da própria pele de cada um. Portanto, algumas variáveis independentes podem se relacionar ao comportamento de maneira singular. Os eventos que acontecem durante uma excitação emocional ou em estados de privação frequentemente são únicos e inacessíveis aos outros pela mesma razão; neste sentido nossas alegrias, tristezas, amores e ódios são particularmente nossos. Com respeito a cada indivíduo, em outras palavras, uma pequena parte do universo é privada. 
Quando se pensa a noção do autocontrole surge a questão sobre a noção do eu ou ego. O ego é geralmente entendido como a causa fictícia do comportamento. Ao que parece, o eu é simplesmente um artifício para representar um sistema de respostas funcionalmente unificado. Do mesmo modo, há a noção fictícia de uma personalidade por trás dos comportamentos. “Personalidade”, no entanto, nada mais é que um nome usado para descrever padrões comportamentais relativamente estáveis em determinadas condições ambientais. 

IV. O COMPORTAMENTO DE PESSOAS EM GRUPO 

comportamento social pode ser definido como o comportamento de duas ou mais pessoas em relação a uma outra ou em conjunto em relação ao ambiente comum. O comportamento social surge porque um organismo é importante para o outro como parte de seu ambiente. Podemos destacar dois aspectos do ambiente social: (i) reforço social: reforços que requerem a presença de outras pessoas e; (ii) estímulo social: quando outra pessoa é fonte importante de estimulação. 
Um conceito importante em relação ao comportamento social é a noção de episódio social. O episódio social refere-se à situação na qual se dá o comportamento social, isto é, a situação do organismo em relação com outros organismos em um dado tempo. A partir desse conceito podemos falar em episódios verbais, termo utilizado para descrever uma situação onde há a presença de comportamentos de ouvinte e falante. O comportamento verbal revela a existência de manifestações nos quais se diz que uma pessoa tem um efeito sobre outra além do escopo das ciências físicas. 
O intercâmbio entre dois ou mais indivíduos cujo comportamento esteja intercruzado em um sistema social deve ser explicado em sua totalidade. Embora muitos sistemas sociais sejam estáveis, outros mostram uma mudança progressiva, de modo que podemos falar numa interação instável. Podemos pensar no grupo social como uma unidade que se comporta. Entretanto, é sempre o indivíduo que se comporta, logo, quando falamos em comportamento de grupo o queremos dizer é que muitos indivíduos se comportam juntos. 
A questão do grupo social nos leva a uma discussão sobre os modelos pelos quais uma pessoa controla outra. O poder de manipular as condições que afetam outro indivíduo pode ser delegado ao indivíduo controlador por uma das agências controladoras da sociedade. Desse modo, a relação entre controlador e controlado pode ser caracterizada como a de governador a governado, sacerdote a fiel, terapeuta a paciente, empregador a empregado, professor a aluno, e assim por diante. 
O controle que não se dá por meio de agências controladoras, isto é, o controle que qualquer pessoa pode exercer sobre o outro em benefício próprio, chamamos de controle pessoal. As técnicas de controle que já foram consideradas em outras partes, como manipulação de estímulos, uso de reforçamento, de estímulo aversivo, de punição, de drogas, privação e saciação, manipulação da emoção, etc. podem ser extrapolados para o controle do comportamento do outro. 
O indivíduo está sujeito a um controle mais poderoso quando duas ou mais pessoas manipulam variáveis que têm um efeito comum sobre seu comportamento. Isso acontece quando duas ou mais pessoas se propõem a controlá-lo do mesmo modo. O grupo age como uma unidade na medida em que seus membros são afetados do mesmo modo pelo indivíduo. A principal técnica empregada no controle do indivíduo por qualquer grupo de pessoas que viveram juntas por um período de tempo suficiente é a seguinte: o comportamento do indivíduo é classificado como “bom” ou “mau”, ou, com o mesmo efeito, “certo” ou “errado”, e reforçado ou punido de acordo com isso. 
O controle exercido pelo grupo funciona para desvantagem, pelo menos temporária, do indivíduo. O efeito do controle do grupo entra em conflito com o forte comportamento primariamente reforçado do indivíduo. Mas o indivíduo lucra com esses procedimentos porque é parte do grupo controlador com respeito a cada outro indivíduo. Pode estar sujeito ao controle, mas se empenha em procedimentos semelhantes no controle do comportamento de outros. Esse sistema pode alcançar um “estado estável” no qual as vantagens e desvantagens do indivíduo chegam a um ponto de equilíbrio. 

V. AGÊNCIAS CONTROLADORAS 

O grupo exerce um controle ético sobre cada um de seus membros através, principalmente, de seu poder de reforçar ou punir. Geralmente o grupo não é bem organizado, nem seus procedimentos são consistentemente mantidos. Dentro do grupo, entretanto, certas agências controladoras manipulam conjuntos particulares de variáveis. Essas agências são geralmente mais bem organizadas que o grupo como um todo, e frequentemente operam com maior sucesso. 
Algumas das agências controladoras que podemos citar são: (i) agência governamental: o governo é o uso do poder para punir; (ii) religião: a religião classifica o comportamento em “virtuoso” e “pecaminoso”, que então é reforçado ou punido de acordo, e ainda, as descrições tradicionais do Céu e do Inferno condensavam reforços positivos e negativos; (iii) psicoterapia: a psicoterapia fornece tratamento para o comportamento inconveniente ou perigoso para o próprio indivíduo, ou para os outros; (iv) economia: o controle econômico pode ser exercido por meio de diferentes esquemas de remuneração, o poder que domina o controle econômico naturalmente permanece com aqueles que possuem o dinheiro e os bens necessários; (v) educação: a educação dá ênfase à aquisição do comportamento em lugar de sua manutenção.  
Assim como há controle, existe o contracontrole. O contracontrole consiste na resposta comum decorrente de um processo de punição que visa a esquiva da estimulação aversiva ou o ataque ao agente punidor. O contracontrole ocorre quando os controlados escapam ao controlador, pondo-se fora do seu alcance (se for uma pessoa; deserdando de um governo; apostasiando de uma religião; demitindo-se ou mandriando) ou então atacam a fim de enfraquecer ou destruir o poder controlador (como numa revolução, numa reforma, numa greve ou num protesto estudantil). Em outras palavras, eles se opõem ao controle com contracontrole. 

VI. O CONTROLE DO COMPORTAMENTO HUMANO 

O indivíduo adquire do grupo um extenso repertório de usos e costumes. O comportamento vem se conformar com os padrões de uma dada comunidade quando certas respostas são reforçadas e outras deixadas passar sem reforço ou punidas. Muitas vezes essas consequências estão estreitamente entremeadas com as do ambiente não-social. Geralmente fala-se de um ambiente social como a “cultura” de um grupo. Podemos entender por cultura, o conjunto de comportamentos que são ou não reforçados e/ou punidos por um grupo de pessoas em um ambiente comum. A cultura na qual um indivíduo nasce se compõe de todas as variáveis que o afetam e que são dispostas por outras pessoas. 
O ambiente social em parte é o resultado daqueles procedimentos do grupo que geram o comportamento ético e a extensão desses procedimentos aos usos e aos costumes. Usos e costumes divergentes com frequência entram em conflito. Diferentes instituições ou agências de controle podem operar modos diferentes de conflitos; a educação secular muitas vezes entra em conflito com a educação religiosa, e o governo com a Psicoterapia, enquanto o controle econômico divide-se caracteristicamente entre muitos grupos que exercem seu poder de diferentes maneiras. 
O ambiente social de qualquer grupo de pessoas é o produto de uma série complexa de eventos na qual o acidente algumas vezes desempenha um papel proeminente. Usos e costumes muitas vezes derivam de circunstâncias que têm pouca ou nenhuma relação com o efeito final sobre o grupo. Em certos aspectos o reforço operante se assemelha à seleção natural da teoria da evolução, selecionando determinados comportamentos. 
No entanto, é possível planejar deliberadamente uma cultura. A manipulação deliberada da cultura, por meio de agências controladoras, é em si mesma uma característica de muitas culturas. A ciência pode fornecer as bases para um planejamento cultural mais eficiente. A hipótese de que o indivíduo não é livre é essencial para aplicação do método científico ao estudo do comportamento humano. A concepção do indivíduo não livre apresenta um certo contraste com a concepção de humano das filosofias democráticas, no entanto, a partir de uma visão científica do ser humano podemos construir uma sociedade planejada mais eficiente. 

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