FILOSOFIA DE BARUCH SPINOZA (RESUMO)
O objetivo deste texto é
apresentar um resumo da Filosofia de Baruch Spinoza. Para isso, seu pensamento
foi subdividido em seis assuntos: Metafísica,
Antropologia, Gnosiologia, Ética, Política e Teologia. Usou-se como referência o capítulo sobre ele escrito por Paolo
Cristofolini no livro “História da
Filosofia” organizado por Jean-François Pradeau. Além disso,
utilizei-me de pesquisas gerais feitas na internet,
como o site Razão Inadequada e o
artigo Amor Intelectual a Deus em Espinosa de Rochelle Cysne Frota D’Abreu.
Baruch Spinoza foi um importante filósofo moderno que trouxe contribuições importantes
tanto para a Filosofia quanto pata a Teologia, como se perceberá por este
resumo:
METAFÍSICA
Só há uma Substância. O mundo inteiro é somente uma série infinita de
expressões modais desta única Substância. Essa substância única é Deus. Tudo
procede da natureza divina de forma necessária. Nada pode, assim, fugir à
necessidade natural. Todas as coisas que existem se esforçam pela
autopreservação do seu ser. Esse esforço recebe o nome de "conatus". Isto é, tudo que existe na Natureza possui a
potência ou esforço de preservar sua própria existência.
ANTROPOLOGIA
O homem é um modo da substância divina. A alma humana é uma parte
do entendimento infinito de Deus e o corpo é um certo modo de substância divina
considerado sob o atributo da extensão. O homem está, portanto, sujeito às leis
necessárias que regem a natureza de modo que a vontade humana não é livre.
No homem, o esforço de autopreservação se exprime na forma
de "desejo" ("cupiditas"), um
impulso consciente para a autoconservação e para o desenvolvimento. Esse
impulso se expressa na forma ativa da "vida afetiva". A
vida afetiva compreende as "afecções do corpo" que
se subdividem em duas:
1. Afecções
ativas: São aquelas que aumentam nosso poder de agir e que têm como
base a "alegria" que acontece quando ocorre a
passagem de uma perfeição menor para uma perfeição maior.
2. Afecções
passivas: São as paixões que diminuem nosso poder de agir e que têm
como base a "tristeza" que ocorre quando há a
passagem de uma perfeição maior para uma perfeição menor.
GNOSIOLOGIA
O homem possui "três tipos de
conhecimento" que se dão a partir de três processos:
1. Imaginação: Formação de imagens inadequadas a partir das afecções do corpo e que
constituem nossas "opiniões".
2. Razão: Formação
de ideias adequadas a respeito das coisas que nos afetam e que constituem
nossa "ciência".
3.
Entendimento: Conhecimento da essência das coisas
na medida em que são compreendidas como partes da natureza divina. Constitui
nossa "ciência intuitiva".
ÉTICA
A busca do conhecimento da essência das coisas consistirá também
na busca da perfeição na medida em que esse conhecimento nos dá a compreensão
de que somos parte da natureza divina. A felicidade gerada pelo
conhecimento de Deus recebe o nome de "amor intelectual a
Deus", que é a base da "bem aventurança". O
"amor" se dá como "alegria", nesse
sentido ele aumenta nosso poder. O amor enquanto alegria é uma potência capaz
de prevalecer sobre o ódio.
Devemos distinguir as coisas que dependem de nós daquelas que não
dependem de nós. A "sabedoria" consiste em ocupar-se
das primeiras. Isto é, ser sábio é se ocupar com aquilo que está ao nosso
alcance, não com as coisas que independem de nós.
POLÍTICA
O direito natural dos homens está relacionado ao poder. O poder de um indivíduo é tanto maior quanto ele realiza sua
natureza. Assim, o direito natural dos homens está em agir de acordo com a sua
própria natureza.
A realização do homem cresce em proporção à racionalidade e,
portanto, na medida em que os homens expressam seu poder, mais se tornam
capazes de concórdia. A forma de organização civil mais adequada é a República
livre, na qual a liberdade de pensamento não pode ser reprimida.
TEOLOGIA
O direito ao livre-exame
das Escrituras não pode ser violado pelas autoridades eclesiásticas, nem
pelas autoridades políticas; As Escrituras são um livro profético. O profeta é
um homem dotado de uma imaginação viva capaz de compreender as mensagens que
recebeu da natureza divina e de transmiti-las em linguagem acessível ao povo
comum. Assim algumas ideias proféticas que contradizem a razão se justificam
devido à necessidade de adequar a verdade à linguagem comum.
É importante considerar também que o texto das Escrituras
não nos chegou sem corrupção, de modo que existem erros, alterações e
inconsistências no texto do qual dispomos. Daí a importância da crítica bíblica. Dado que o texto
bíblico apresenta erros e inconsistências, o que importa nas Escrituras são
somente seus ensinamentos elementares.
As Escrituras não tem outro objetivo senão ensinar a
obediência à Lei de Deus. É importante considerar na Bíblia a distinção entre
aquelas coisas que foram entregues para servir a uma condição história
particular daquelas que são eternas. Isto é, existem leis bíblicas que tiveram
validade para um tempo e um povo específico, enquanto outras são de natureza
eterna. Na medida em que Deus é a Natureza, a Lei de Deus é aquela que está em
acordo com a natureza.
Nada ocorre que seja contrário à natureza. Sendo Deus a
natureza, ele não pode contradizer a si mesmo. Assim, os milagres, enquanto
eventos contrários à natureza, não existem. Se os milagres existissem eles
estariam em contradição com a Natureza, isto é, em contradição com o próprio Deus.
Espero ter
fornecido um resumo básico do pensamento de Baruch Spinoza. Fica clara a
importância de suas ideias tanto para a Filosofia, para a compreensão do homem
e para a Teologia. Suas ideias sobre as Escrituras foram importantes para lançar as bases da crítica bíblica moderna que é importante para fornecer pesquisas que nos ajudem a determinar com mais precisão o texto original das Escrituras.
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