O PROGRESSO DA RIQUEZA DAS NAÇÕES - ADAM SMITH (RESUMO)
O que se segue é um resumo do Livro Terceiro da obra A Riqueza das Nações do economista e filósofo escocês Adam Smith. O livro tem como título “A Diversidade do Progresso da Riqueza nas Diferentes Nações”, tratando, assim, do progresso natural da riqueza; do desestímulo à agricultura no antigo estágio da Europa, após a queda do Império Romano; da ascensão e o Progresso das Metrópoles e Cidades após a Queda do Império Romano e; da maneira como o comércio das cidades contribuiu para o progresso do campo. É importante colocar que este resumo é apenas uma apresentação do texto original de forma compactada, sem paráfrases ou resenhas críticas. A ideia é de que o texto permaneça do autor original.
I. O PROGRESSO NATURAL DA RIQUEZA
O grande comércio de todo país civilizado é o efetuado entre os habitantes da cidade e os habitantes do campo. Consiste na troca de produtos em estado bruto por produtos manufaturados, o que pode ser feito ou diretamente, por meio do dinheiro, ou por algum tipo de papel que represente o dinheiro. O campo fornece à cidade os meios de subsistência e os materiais a serem manufaturados. A cidade restitui isso, devolvendo aos habitantes do campo parte da produção manufaturada. Os ganhos do campo e da cidade são mútuos e recíprocos, sendo que a divisão de trabalho e de tarefas, nesse como em outros casos, traz vantagem para todas as ocupações em que se subdivide o trabalho.
Assim como a subsistência, pela própria natureza das coisas, tem prioridade sobre o que são apenas comodidades e artigos de luxo, da mesma forma a atividade que garante a subsistência tem necessariamente prioridade sobre a que está a serviço das meras comodidades e do luxo. Consequentemente, o aprimoramento e o cultivo da terra, pelo fato de assegurar o necessário para a subsistência, deve forçosamente ter prioridade sobre o crescimento da cidade, que fornece apenas comodidades e artigos de luxo. Pelo curso natural das coisas, a maior parte do capital de toda sociedade em crescimento é primeiramente canalizada para a agricultura, em segundo lugar para as manufaturas, e só em último lugar para o comércio exterior.
II. O DESESTÍMULO DA AGRICULTURA NO ANTIGO ESTÁGIO DA EUROPA, APÓS A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO
Quando as nações germânicas e citas invadiram as províncias ocidentais do Império Romano, as confusões que se seguiram a essa grande revolução perduraram durante vários séculos. As rapinas e a violência cometidas pelos bárbaros contra os antigos habitantes interromperam o comércio existente entre as cidades e o campo. As cidades foram abandonadas e os campos deixados incultos, sendo que as províncias ocidentais da Europa, que durante o Império Romano haviam atingido considerável grau de riqueza, caíram no estado mais baixo de pobreza e barbárie.
Enquanto perdurava esse estado de confusão, os chefes e os líderes mais importantes dessas nações adquiriram ou usurparam a maior parte das terras desses países. Grande parte delas permaneceu sem cultivo, mas nenhuma, cultivada ou não, permaneceu sem proprietário. A terra passou a ser considerada não somente como meio de subsistência, mas também como instrumento de poder e de proteção. Naquela época de desordem, todo grande senhor de terras era uma espécie de príncipe secundário. Seus rendeiros eram seus súditos.
Nas antigas condições da Europa, os ocupantes de terras eram todos rendeiros a título precário. Todos ou quase todos eram escravos. Qualquer cultivo e melhoria que fossem feitos na terra com o trabalho de tais escravos contavam como feitos pelo patrão. Raramente se poderia esperar grandes melhorias da terra quer por parte dos grandes proprietários, quer por parte dos escravos.
Além de tudo isso, a antiga política seguida na Europa era desfavorável à melhoria e ao cultivo da terra, fosse ela levada a efeito pelo proprietário ou pelo arrendatário. Em primeiro lugar, devido à proibição geral de exportar trigo sem licença especial, em segundo lugar, em virtude das restrições impostas ao comércio interno, não somente do trigo, mas também de quase todos os outros produtos agrícolas.
III. A ASCENSÃO E O PROGRESSO DAS METRÓPOLES E CIDADES APÓS A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO
Após a queda do Império Romano, os proprietários de terras parecem ter vivido, geralmente, em castelos fortificados, localizados em suas próprias terras e em meio a seus próprios inquilinos e dependentes. As cidades eram habitadas, sobretudo, por negociantes e artífices que, naquela época, parecem ter sido de condição servil, ou quase servil.
Entretanto, por mais servil que possa ter sido a condição original dos habitantes das cidades, não há dúvida de que obtiveram a liberdade e a independência muito antes do que os moradores do campo. Os burgueses da cidade tinham o direito a certas isenções de impostos e a certos créditos. Além disso, geralmente se dava aos burgueses da cidade a quem ela era concedida também importantes privilégios: o direito de darem suas filhas em casamento, o direito de que seus filhos os sucedessem e o direito de dispor à vontade de seus próprios pertences. Costumava-se também, ao mesmo tempo, constituí-los membros de uma entidade ou corporação, com o privilégio de ter seus próprios magistrados e sua própria assembleia municipal.
Em uma época em que os moradores do campo estavam expostos a todo tipo de violência, nas metrópoles se implantou a ordem e a boa administração e, juntamente com elas, a liberdade e a segurança dos indivíduos. É natural que os habitantes do campo, colocados em situação indefesa, se contentassem com a sua subsistência. Ao contrário, quando os cidadãos têm segurança de gozar dos frutos do trabalho, empenham-se naturalmente em melhorar sua condição e em adquirir não somente o necessário, mas também os confortos e o luxo que a vida pode proporcionar.
Os moradores das metrópoles localizadas na costa marítima ou às margens de um rio navegável não dependem necessariamente apenas da produção agrícola da região para sua subsistência. Assim sendo, foi possível uma metrópole crescer e atingir alto grau de riqueza e de esplendor, enquanto que não somente o país próximo.
IV. DE QUE MANEIRA O COMÉRCIO DAS CIDADES CONTRIBUIU PARA O PROGRESSO DOS CAMPO
Foram três as maneiras pelas quais o progresso e a riqueza das cidades comerciais e manufatureiras contribuíram para o progresso e o cultivo das regiões às quais pertenciam: (i) oferecendo um mercado grande e preparado para a produção bruta do campo, estimularam o seu cultivo e posterior progresso: as cidades ofereciam um mercado para certa parte de sua produção bruta ou para sua produção manufaturada e, consequentemente, estimularam, até certo ponto, o trabalho e o progresso de todas essas regiões; (ii) a riqueza adquirida pelo habitantes das cidades muitas vezes era empregada para comprar terras à venda, sendo que grande parte delas geralmente não era cultivada: os comerciantes frequentemente ambicionam ser aristocratas rurais e, quando o conseguem, são em regra os que mais se empenham na melhoria das áreas adquiridas; (iii) o comércio e as manufaturas introduziram gradualmente a ordem e a boa administração e, com elas, a liberdade e a segurança dos indivíduos: assim, estabelecia-se a liberdade e segurança entre os habitantes do campo.
Comentários