BREVE RESUMO DE BIOLOGIA BÁSICA
O que se segue é um Breve Resumo de Biologia Básica. Para a construção deste resumo, usei como base os volumes 1, 2 e 3 do livro de Biologia de Vivian L. Mendonça. O resumo se divide em seis partes: (i) Vida e princípios de Ecologia; (ii) Citologia; (iii) Embriologia e Histologia animal; (iv) Classificação dos seres vivos; (v) O ser humano; (vi) Genética e (vii) Evolução.
I. VIDA E PRINCÍPIOS DE ECOLOGIA
A Biologia é o estudo da vida. Podemos definir vida como o conjunto de características que mantém os seres vivos em constante atividade. Essas características são:
(i) ciclo vital: é constituído pelo nascimento, crescimento, reprodução, envelhecimento e morte.
(ii) organização celular: a unidade que forma o corpo dos seres vivos é a célula, um ser vivo é unicelular, quando é formado por uma célula e multicelular, quando é formado por múltiplas células.
(iii) crescimento: os seres vivos aumentam de tamanho na medida em que possuem a constante capacidade de incorporar e transformar matéria orgânica.
(iv) metabolismo: é a transformação da matéria incorporada pelo ser vivo em energia para ser aproveitada.
(v) movimento: os seres vivos se movimentam, que pela locomoção, quer de outras formas.
(vi) reprodução: por meio da qual os seres vivos deixam seus descendentes e perpetuam a espécie. Pode ser sexuada, quando envolve a união de gametas, ou assexuada, quando não envolve a formação de gametas.
(vii) evolução: alterações genéticas (mutações), há uma variabilidade nos indivíduos de uma população, os indivíduos com características adaptadas ao ambiente são selecionados (Seleção Natural) e essas modificações podem levar à formação de novas espécies.
(viii) composição química: as células possuem composição química característica., possuem substâncias orgânicas (ácidos nucleicos – DNA e RNA, proteínas, carboidratos e lipídios) e substâncias inorgânicas (água e sais minerais).
Nos seres multicelulares, um conjunto de células forma um tecido, um conjunto de tecidos forma um órgão e um conjunto de órgãos forma um sistema. Um conjunto de sistemas forma um organismo. O conjunto de organismos da mesma espécie que convivem em uma mesma área forma a população. O conjunto de populações que habitam uma mesma área forma uma comunidade. O conjunto formado pela comunidade (fatores bióticos) e pelos fatores abióticos (seres não-vivos) constitui o ecossistema. O conjunto de todos os ecossistemas da Terra constitui a biosfera terrestre.
A transferência de matéria e energia no ecossistema se dá através da cadeia alimentar, em que um ser vivo se alimenta de outro. Os seres capazes de produzir o próprio alimento a partir de substâncias inorgânicas simples são chamados autótrofos. Os seres incapazes de produzir o próprio alimento são chamados heterótrofos. O conjunto das cadeias alimentares de que um animal participa é a rede alimentar desse animal. O conjunto de todas as redes alimentares de um ecossistema constitui a teia alimentar desse ambiente.
Entre as espécies que habitam uma determinada área, estão aquelas que só existem ali, sendo denominadas espécies endêmicas. Por outro lado, as espécies cuja distribuição geográfica é ampla e sua capacidade de sobrevivência em diferentes ambientes é elevada são chamadas espécies cosmopolitas.
II. CITOLOGIA
De acordo com a organização estrutural, as células são divididas em célula procarionte (não possui núcleo celular) e célula eucarionte (célula com núcleo). A célula eucariótica é constituída por três partes básicas: um envoltório – membrana plasmática –, o citoplasma e o núcleo, onde estão os cromossomos, estruturas formadas basicamente por DNA. Todas as células eucarióticas apresentam algumas estruturas em comum imersas em seu citoplasma:
(i) Complexo golgiense: tem como funções acúmulo e eliminação de secreções proteicas e síntese de carboidratos.
(ii) Lisossomos: tem como função a digestão intracelular.
(iii) Retículo endoplasmático granuloso: tem como funções o transporte de material dentro da célula e síntese de proteínas.
(iv) Retículo endoplasmático não granuloso: tem como funções transporte de substâncias; síntese de esteroides; inativação de certos hormônios; inativação de substâncias nocivas ao organismo; condução intracelular do impulso nervoso nas células do músculo estriado.
(v) Centríolos: tem como funções participação na divisão celular; formação de cílios e flagelos.
(vi) Ribossomo: tem como função a síntese proteica.
(vii) Mitocôndria: tem como função a respiração.
As células são capazes de incorporar materiais por mecanismos especiais conhecidos por endocitoses e eliminar resíduos por exocitose. A endocitose pode ser de dois tipos: a fagocitose (por meio da qual a célula “ingere” partículas grandes, como partes de células, micro-organismos) e a pinocitose (a célula “ingere” moléculas menores dissolvidas em água). O material ingerido por fagocitose fica no interior de uma vesícula, o fagossomo; as moléculas ingeridas por pinocitose ficam em vesículas menores, os pinossomos. Tanto os materiais existentes nos fagossomos, como os dos pinossomos, são utilizados como alimento pela célula.
O núcleo da célula é envolvido por uma membrana celular chamada carioteca. Toda a massa fluida limitada pela membrana interna da carioteca chama-se nucleoplasma, onde se situam o nucléolo (constituído principalmente por DNA, proteínas e um tipo especial de RNA chamado RNA ribossômico) e a cromatina (complexo de DNA e proteínas).
As células se dividem e se multiplicam, as divisões, por meio das quais o organismo cresce e repõe suas perdas, e cujas células formadas possuem o mesmo número de cromossomos que a célula que lhes deu origem chama-se mitose. A divisão em que ocorre a redução pela metade do número de cromossomos da célula-mãe chama-se meiose.
As células se dividem e se multiplicam, as divisões, por meio das quais o organismo cresce e repõe suas perdas, e cujas células formadas possuem o mesmo número de cromossomos que a célula que lhes deu origem chama-se mitose. A divisão em que ocorre a redução pela metade do número de cromossomos da célula-mãe chama-se meiose.
III. EMBRIOLOGIA E HISTOLOGIA ANIMAL
Os gametas se formam por meiose, a formação dos gametas se chama gametogênese. Nos animais, os gametas "masculinos" são chamados espermatozoides e os gametas "femininos", óvulos. Os gametas são formados em órgãos especializados denominados gônadas. As gonadas "femininas" são os ovários e as "masculinas", os testículos. A origem e formação do óvulo chama-se ovogênese, a origem e formação do espermatozoide chama-se espermatogênese. É importante lembrar que existem diversas estratégias reprodutivas entre os animais e que os detalhes da ovogênese e da espermatogênese variam de acordo com a espécie.
A união do espermatozoide ao óvulo chama-se fecundação, formando o zigoto. Após a fecundação ocorre a clivagem ou segmentação, em que o volume do embrião não aumenta, embora as células se multipliquem. A fase seguinte do desenvolvimento embrionário é a gastrulação. Nessa fase, o aumento do número de células é acompanhado pelo aumento do volume total. As células embrionárias são consideradas células-tronco. Essa nomenclatura se relaciona à ideia de que dessas células partem diversas linhagens celulares, como os ramos partem do tronco de uma árvore.
O desenvolvimento embrionário no ser humano, tem início cerca de 30 horas após a fecundação, com a primeira divisão celular do zigoto. Seguem-se divisões sucessivas até a formação de uma estrutura chamada blastocisto. Por volta do sexto dia após a fecundação, ocorre a implantação do blastocisto na parede do útero. Por volta do décimo dia após a fecundação, o embrião encontra-se envolto pelo âmnio e ligado à mucosa uterina por pequeno pedúnculo que dará origem ao cordão umbilical.
A partir do final do segundo mês de gestação, o embrião passa a ser chamado feto. Com cerca de 9 semanas, o embrião humano já apresenta sistema nervoso, coração, braços e pernas. Após 40 semanas depois do primeiro dia da última menstruação, ocorre o nascimento do bebê.
A partir do final do segundo mês de gestação, o embrião passa a ser chamado feto. Com cerca de 9 semanas, o embrião humano já apresenta sistema nervoso, coração, braços e pernas. Após 40 semanas depois do primeiro dia da última menstruação, ocorre o nascimento do bebê.
Como já considerado, um conjunto de células formam os tecidos. O ramo da Biologia que estuda os tecidos é a Histologia. Os tecidos podem ser divididos em quatro grupos:
(i) tecido epitelial: é formado por células justapostas, com pouca ou praticamente nenhuma substância intercelular.
(ii) tecido conjutivo: tem origem mesodérmica e é rico em substância intercelular.
(iii) tecido nervoso: forma os órgãos que, em conjunto, constituem o sistema nervoso.
(iv) tecido muscular: por meio de contrações e distensões, possibilita a locomoção do corpo e outros movimentos.
IV. CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS
A área da Biologia que busca classificar os seres vivos de acordo com seu parentesco evolutivo é a Sistemática. A unidade de classificação biológica é a espécie, conjunto de organismos semelhantes entre si, que compartilham diversas características exclusivas deles como resultado do processo evolutivo. Essas características podem ser, entre outras, anatômicas, fisiológicas, comportamentais e moleculares. Espécies próximas evolutivamente são agrupadas em gêneros, os gêneros em famílias, as famílias em ordens, as ordens em classes, as classes em filos (ou divisões, em Botânica) e os filos em reinos. Os vírus são uma exceção não sendo classificados em nenhum dos reinos de seres vivos.
Podemos considerar os seguintes reinos:
(i) Reino Monera: organismos unicelulares procariontes: arqueas e eubactérias (bactérias e cianobactérias);
(ii) Reino Protista: eucariontes unicelulares heterótrofos (protozoários) e eucariontes unicelulares ou multicelulares sem tecidos, autótrofos por fotossíntese (algas);
(iii) Reino Fungi: eucariontes heterótrofos que incorporam os alimentos por absorção (fungos);
(iv) Reino Plantae: organismos eucariontes, multicelulares e com nutrição autotrófica. Se dividem em criptógamas (cujas estruturas destinadas à reprodução sexuada não são facilmente visíveis) e fanerógamas (têm estruturas de reprodução sexuada facilmente visíveis). As criptógamas se dividem em briófitas (plantas avasculares, ou seja, sem sistema vascular – musgos e hepáticas) e pteridófitas (plantas vasculares com o corpo constituído por raízes, caule e folhas – samambaias e avencas). As fanerógamas se dividem em gimnospermas (plantas vasculares com o corpo organizado em raiz, caule, folhas e cuja estrutura reprodutiva é o estróbilo, com formação de semente – pinheiros) e angiospermas (plantas vasculares com o corpo organizado em raiz, caule, folhas e flor, com formação de sementes que ficam abrigadas no interior de frutos - várias, como mangueira, jabuticabeira, bromélias, palmeiras e muitas outras).
(v) Reino Animalia: são organismos multicelulares, de nutrição heterótrofa, obtendo alimento geralmente por ingestão. Se dividem em vertebrados (têm vértebras - peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos) e invertebrados (insetos, anelídeos, crustáceos e muitos outros). Os principais filos do Reino Animalia são: poríferos (esponjas), cnidários (animais aquáticos que têm formas móveis e formas fixas - pólipos e medusas), platelmintos ("vermes” com corpo achatado dorso-ventralmente.), nematódeos (vermes cilíndricos e com extremidades afiladas), moluscos (animais de corpo mole), anelídeos (animais compridos, cilíndricos, com o corpo apresentando anéis), artrópodes (suas extremidades são estruturas articuladas – pernas, peças bucais e antenas), equinodermos (animais marinhos com espinhos na pele) e cordados (são animais deuterostômios: em seu desenvolvimento embrionário o orifício do intestino primitivo, chamado arquêntero, dá origem ao ânus, surgindo depois a boca; possuem notocorda, fendas branquiais e sistema nervoso dorsal).
V. O SER HUMANO
É possível considerar o ser humano do ponto de vista da anatomia e da fisiologia. A anatomia é o estudo das partes do corpo, de sua estrutura, tanto externa quanto interna. A fisiologia, por sua vez, busca compreender como funcionam as partes que formam a estrutura do corpo. O corpo é um conjunto de sistemas que funcionam de forma integrada. Cada sistema é formado por um conjunto de órgãos. Um conjunto de sistemas forma o que podemos chamar de aparelho. Consideremos as seguintes partes do corpo humano:
(i) Aparelho locomotor: envolve os sistemas esquelético, articular e muscular. O sistema esquelético é formado pelos ossos e pelas cartilagens associadas a eles. O sistema articular corresponde às articulações, que são as regiões onde um osso se encontra com outro. O sistema muscular é formado por três tipos de músculos: estriado esquelético, estriado cardíaco e não estriado.
(ii) Sistema Nervoso: transmite impulsos nervosos e assim realiza funções como controlar as contrações musculares e o funcionamento das vísceras, coordenar os movimentos cardiorrespiratórios e até mesmo a secreção de hormônios pelas glândulas endócrinas. O Sistema nervoso do ser humano, como o de outros vertebrados, é centralizado, isto é, apresenta a maior parte de suas células nervosas em órgãos localizados na região cefálica. A chamada parte central do sistema nervoso (sistema nervoso central) é formada pelo encéfalo, que está dentro da caixa craniana, e pela medula espinhal (medula raquidiana), que é envolvida pelas vértebras da coluna. A parte periférica do sistema nervoso (sistema nervoso periférico) é formada pelos nervos, que se comunicam com a parte central, encaminhando para ela estímulos provenientes de todas as regiões do corpo e transmitindo impulsos nervosos gerados no encéfalo e na medula espinhal. O sistema nervoso é formado pelo tecido nervoso, constituído por neurônios e outros tipos celulares. Os neurônios são células especializadas na transmissão de impulsos eletroquímicos, ou impulsos nervosos.
(iii) Sistema Sensorial: encarregado de enviar as informações recebidas para o sistema nervoso que as decodifica e envia respostas para o corpo. É formado pelos cinco sentidos: tato, paladar, olfato, visão, audição
(iv) Sistema Digestório: responsável pela ingestão, digestão e absorção de alimentos. O sistema digestório humano é um tubo, que se inicia na boca e termina no ânus, passando pela faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso.
(v) Sistema Respiratório: responsável pela respiração, que consiste na inspiração (entrada de ar nos pulmões) e na expiração (saída de ar dos pulmões). A entrada do ar no sistema respiratório do ser humano acontece pelo seguinte caminho: narinas, cavidades (fossas) nasais, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos pulmonares.
(vi) Sistema Cardiovascular: realiza a integração do sistema respiratório e do sistema digestório, transportando até às células os gases respiratórios e os nutrientes. É formado pelo coração, que bombeia o sangue, pelas artérias (vasos que levam sangue no sentido que vai do coração para as diversas partes do corpo), pelos capilares (vasos de diâmetro muito pequeno, que possuem apenas uma camada de células na sua parede; por sua fina parede ocorre a difusão dos gases respiratórios, de nutrientes e outras substâncias) e pelas veias (vasos que conduzem o sangue das diversas partes do corpo para as cavidades do coração).
(vii) Sistema Linfático: produz e transporta o fluido linfático (linfa) dos tecidos para o sistema circulatório. É constituído pelos vasos linfáticos (vasos semelhantes às veias que se distribuem por todo corpo), linfonodos (localizam-se ao longo dos ductos linfáticos e constituem locais onde os linfócitos, produzidos na medula óssea vermelha, ficam agrupados) e órgãos linfoides (estão envolvidos com a “limpeza” do sangue, na destruição de antígenos - as tonsilas palatinas, o timo e o baço).
(viii) Sistema Urinário: está envolvido com a excreção, que é o mecanismo de eliminação de substâncias que estejam em excesso, como água e sais minerais, e de substâncias tóxicas ao organismo. A espécie humana apresenta sistema urinário formado por dois rins e pelas vias uriníferas, composto de pelves renais, ureteres, bexiga urinária e uretra. Cada rim é constituído por milhares de unidades microscópicas chamadas nefros, responsável pela filtração do sangue.
(ix) Sistema Endócrino: realiza o controle hormonal. Suas principais glândulas são: Adenoipófise - produz o GH (hormônio do crescimento, que estimula o crescimento), TSH (hormônio estimulador da glândula tireóidea, que estimula a liberação dos hormônios da glândula tireóidea), ACTH (hormônio estimulador das glândulas adrenais, que estimula a liberação dos hormônios das glândulas adrenais), FSH (hormônio estimulador dos folículos ovarianos, que nas mulheres, promove a maturação dos ovócitos II nos ovários e nos homens, contribui para a produção de espermatozoides nos testículos), LH (hormônio luteinizante, que atua nos ovários e nos testículos, estimulando a liberação de hormônios sexuais por essas gônadas) e Prolactina (estimula a produção de leite pelas glândulas mamárias em mulheres durante a gestação); Neuroipófise - produz o ADH (hormônio antidiurético, que aumenta a reabsorção de água nos túbulos renais e nos ductos coletores do nefro) e Ocitocina (promove a contração dos músculos do útero e a ejeção do leite pelas glândulas mamárias em mulheres); Glândula Tireóidea - produz T3 e T4 (triiodotironina e tiroxina, que aumentam a taxa metabólica de células de vários órgãos) e Calcitonina (regula a os níveis de cálcio no sangue); Glândulas Paratireóideas - produz o paratôrmonio (retira cálcio dos ossos, elevando a sua concentração no sangue); Medula da Adrenal – produz a adrenalina (promove reações de alerta); Córtex da Adrenal – produz glicocorticoides (auxiliam na manutenção da glicemia); mineralocorticoides (regulam níveis de íons de sódio e potássio no sangue) e hormônios sexuais (determinam caracteres sexuais secundários "masculinos" ou "femininos"); Pâncreas - produz insulina (responsável pela diminuição da taxa de glicose no sangue) e glucagnon (responsável pelo aumento do nível de glicose no sangue); Ovários - produzem Estrógeno e Progesterona (importantes para o ciclo menstrual) e Testículos - produzem testosterona (estimula o desenvolvimento do sistema genital masculino na puberdade, a produção de espermatozoides e o aparecimento dos caracteres secundários masculinos).
(x) Sistema Genital: é o responsável pela reprodução. O sistema genital "feminino" localiza-se na cavidade pélvica, sendo formado por um par de ovários, duas tubas uterinas, útero, vagina e vulva. O sistema genital "masculino" é formado por um par de testículos localizados dentro da bolsa escrotal, epidídimos, ductos deferentes, ductos ejaculatórios, um par de glândulas vesiculosas (vesículas seminais), próstata, um par de glândulas bulbouretrais, pênis e uretra, além de outras glândulas menores.
VI. GENÉTICA
A Genética é a área da Biologia que estuda os genes, os mecanismos de transmissão das características hereditárias de pais para filhos ao longo das gerações e inclui a área de manipulação dos genes, conhecida por engenharia genética.
A Primeira Lei de Mendel diz que cada caráter é determinado por um par de alelos, porém os gametas possuem apenas um desses alelos, ou seja, podem transmitir somente uma informação genética para esse caráter. Os alelos são as formas alternativas de um determinado gene e ocupam um mesmo loco em cromossomos homólogos. Os gametas são células haploides, ou seja, possuem apenas um alelo de cada par existente nas células somáticas do indivíduo. Isso significa que, para um determinado loco gênico, existe um único alelo. Chamamos de gene dominante, aquele que manifesta suas características mesmo quando o gene alelo é diferente e de gene recessivo, aquele que manifesta sua característica somente se o gene alelo for igual.
A Primeira Lei de Mendel estuda os casos de monoibridismo: analisa um caráter por vez, uma característica humana condicionada por um par de alelos. No entanto, há casos em que podem haver mais do que dois alelos, dependendo do caráter considerado. Quando há mais de dois alelos para um mesmo loco gênico, fala-se em polialelia, ou alelos múltiplos. Ainda, chamamos de pleiotropia, quando um par de alelos condiciona mais de um caráter e de interação genica, quando um caráter é condicionado por mais de um par de alelos.
A Segunda Lei de Mendel estabelece que na formação dos gametas, os alelos existentes em um par de cromossomos homólogos separam-se independentemente de qualquer outro par de alelos existente em outro par de homólogos. Isso significa que os alelos para duas ou mais características se distribuem independentemente durante a formação dos gametas e se combinam aleatoriamente.
As características hereditárias, transmitidas de pais para filhos, são resultado da interação entre as moléculas que formam o organismo. Entre essas moléculas, podemos destacar a importância das proteínas, constituídas por aminoácidos. O DNA comanda a síntese de proteínas nas células e, portanto, atua na determinação de características de um indivíduo. A molécula de DNA é formada por uma sequência de nucleotídeos, que podem apresentar adenina (A), timina (T), citosina (C) ou guanina (G).
Os genes, localizados no DNA, não sintetizam proteínas, mas enviam a “receita” para a sua produção nos ribossomos pelo RNA mensageiro (RNAm). O RNAm é produzido no núcleo a partir do DNA, em uma etapa chamada transcrição, e então chega ao citoplasma. No processo de transcrição, as “letras” de uma sequência de DNA, que correspondem aos nucleotídeos com as bases A, T, C e G, dão origem a uma sequência de RNA, que possui outras “letras”: A, U, C e G. Os ribossomos associam-se ao RNAm e tem início a síntese proteica, em uma etapa chamada tradução.
Chamamos de mutações as alterações que ocorrem no material genético, ou seja, na sequência de nucleotídeos que formam as cadeias do DNA. Mutações no DNA podem ser transmitidas aos descendentes, quando ocorrem nos gametas ou nas células que irão formá-los.
Os estudos da genética contribuíram para a Biotecnologia. A Biotecnologia é a área de estudo das técnicas que utilizam seres vivos para a obtenção de produtos de interesse humano. O conjunto de técnicas que permitem a manipulação de genes e alteração de seres vivos é chamado de engenharia genética. O conhecimento do genoma humano e os avanços das técnicas para a manipulação de genes têm permitido o desenvolvimento da terapia gênica, que consiste no tratamento de doenças por meio da tecnologia do DNA recombinante.
VII. EVOLUÇÃO
A Teoria da Evolução propõe que ocorrem modificações nos organismos ao longo do tempo, podendo levar ao surgimento de novas espécies e à extinção de outras. As espécies não são imutáveis, como se pensava antigamente. No processo evolutivo, quando diferentes espécies se diversificaram a partir de um ancestral comum, temos o que pode ser denominado irradiação adaptativa ou divergência evolutiva. Quando organismos que não estão intimamente relacionados desenvolvem independentemente características semelhantes temos o que pode ser denominado de convergência evoltiva.
Na Teoria Sintética da Evolução, o conjunto de todos os alelos que ocorrem numa população é denominada conjunto gênico. O conjunto gênico está exposto a diversos fatores, conhecidos como fatores evolutivos, que alteram a frequência de certos alelos na população, bem como a frequência de todo o conjunto gênico. Em consequência, ocorre uma alteração estatística do perfil da população ao longo do tempo.
Importante para o processo evolutivo são as mutações, as mutações gênicas são alterações aleatórias que ocorrem nos alelos, que podem condicionar características diferentes das originais. As mutações gênicas aumentam o conjunto gênico da população, pois elas criam variações em um determinado loco gênico. Por isso, as mutações e a recombinação gênica (reorganização dos genes já existentes) são consideradas as fontes primárias de variabilidade genética.
A migração também é importante para a variabilidade genética. Quando indivíduos de uma população migram para outra e ali se reproduzem, pode ocorrer o aumento do número de alelos do conjunto gênico da população para onde foram. Esse “fluxo” de alelos de uma população a outra é chamado fluxo gênico e depende da migração de indivíduos entre populações.
O processo pelo qual a natureza seleciona as formas de vida mais bem adaptadas, favorecendo a sua sobrevivência, em detrimento das formas menos adaptadas, que tendem a morrer chama-se Seleção Natural. A seleção natural atua sobre a variabilidade genética de uma população, que pode resultar de mutações, migração (fluxo gênico) e recombinação gênica. Dois importantes fatores que participam do complexo processo de seleção natural são o potencial biótico (corresponde à taxa teórica de crescimento de uma população em condições ideais) e a resistência do meio (conjunto de fatores que se opõem ao potencial biótico).
A seleção natural é um processo permanente em todas as populações. Uma população interfere na sobrevivência da outra, assim constituindo o que chamamos de equilíbrio ecológico. E da mesma forma como o ambiente interfere na sobrevivência dos organismos, esses também alteram o ambiente com suas atividades. O termo “seleção” pode nos trazer intuitivamente a ideia de que esse é um processo no qual “os melhores vencem”, ou que certas características são sempre vantajosas e por isso são selecionadas. Na natureza, as modificações ambientais são imprevisíveis e a seleção de características, portanto, também.
Quando indivíduos sobrevivem por acaso e não como resultado das adaptações temos o que pode ser designado como deriva genética. A deriva genética ocorre quando uma situação do acaso determina, aleatoriamente, a sobrevivência de alguns indivíduos de uma população, que passarão suas características hereditárias aos descendentes.
O processo em que populações de uma mesma espécie acumulam diferenças em seu conjunto gênico, originando espécies distintas, é conhecido por especiação. A especiação, ou seja, a origem de novas espécies, é resultante de processos evolutivos, que ocorrem basicamente por anagênese (processos pelos quais uma característica surge ou se modifica em uma população ao longo do tempo) e cladogênese (processos responsáveis pela separação ou isolamento de uma população inicial em duas ou mais populações.).
Podemos citar as seguintes evidências da Evolução:
(i) fósseis: vestígios de sua existência de determinados seres vivos sob determinadas condições.
(ii) comparação anatômica: casos em que organismos de espécies diferentes possuem estruturas que exercem funções semelhantes, a presença de estruturas análogas em diferentes grupos reflete o processo de convergência evolutiva.
(iii) comparação molecular: com o desenvolvimento das técnicas de bioquímica e engenharia genética, é possível comparar moléculas de organismos distintos e detectar padrões de semelhanças e diferenças entre elas
(iv) órgãos vestigiais: órgãos funcionais em alguns animais não têm função ou têm função mínima em outras, indicando parentesco evolutivo.
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