HISTÓRIA DO EGITO ANTIGO


O objetivo deste texto é apresentar a história do Egito Antigo, tomarei como base o livro “O Egito Antigo” de Arnoldo Walter Doberstein. Como auxílio, fiz uso também da lista de faraós apresentada na Wikipedia (aqui). A fim de apresentar a história do antigo Egito, será considerado os quatro períodos históricos: (i) o Egito pré-dinástico: período que antecede o ano 3200a.C. marcado pela fundação das primeiras comunidades em torno do rio Nilo com a formação do baixo e do alto Egito; (ii) o Antigo Reino: período que vai de 3100 a 2181 a.C., conhecido pela existência de uma nobreza fundiária que apoiava faraó; (iii) o Reino Médio: vai de 2062 a 1797 a.C., período de expansão agrícola; (iv) o Novo Reino: período que vai de 1750 a 524a.C., no qual ocorreram guerras visando a expansão territorial. 

 

I. EGITO PRÉ-DINÁSTICO 

 

Há duas hipóteses sobre as origens da civilização egípcia: (i) hipótese mesopotâmica: entende que as raízes do Egito se encontram na Mesopotâmia, o berço da civilização; (ii) hipótese pan-africana: defende que a civilização egípcia teve suas origens na própria África. De todo modo, o surgimento da civilização egípcia mantém relação com o rio Nilo, que teria fornecido terras férteis nas quais foi possível o desenvolvimento da agricultura. Portanto, a origem do Egito relaciona-se com uma Revolução Agrícola, ocorrida por volta de 4000 a.C. e que teria surgido a partir de populações oriundas do Crescente Fértil, região da palestina, outros, no entanto, entendem que essa Revolução Agrícola surgiu de forma autônoma no próprio Egito. 

O desenvolvimento da agricultura foi impulsionado pela construção de diques entre o rio Nilo e as lavouras. Com a ampliação do trabalho agrícola, formou-se uma divisão social do trabalho, com grupos que chefiavam o trabalho e grupos coletivos que trabalhavam efetivamente, surgiu, assim, as chefias dirigentes. A consolidação das chefias dirigentes deve ter se dado por volta de 3500 a.C. 

Após a consolidação das chefias agrícolas, o próximo passo importante no desenvolvimento da civilização egípcia foi o surgimento da escrita. Existem três hipóteses sobre o surgimento da escrita egípcia: (i) hipótese setentrional: defende que a escrita veio da Mesopotâmia, pelo Norte; (ii) hipótese meridional: defende que a escrita veio da Mesopotâmia, pelo Sul, contornando a Península Arábica; (iii) hipótese pan-africana: defende que a escrita egípcia teve origem africana. 

As aldeias agrícolas formadas no Egito antigo eram independentes, que se dividiam em duas regiões: o Baixo Egito, ao norte e o Alto Egito, ao sul. No entanto, por volta de 3200a.C. ocorreu uma unificação. Há diferentes hipóteses sobre os fatores históricos que teriam levado a essa unificação: (i) hipótese casual hidráulica: vê nos trabalhos hidráulicos, como a construção de diques, a principal causa da unificação; (ii) hipótese da distribuição da cerâmica: defende que o centro de uma grande indústria de cerâmica deve ter dado muito poder aos seus proprietários, o que teria levado a uma centralização política; (iii) hipótese do jogo aleatório: o trabalho e a ocupação permanente de um mesmo espaço teriam criado um forte sentido de direito territorial. 

 

II. ANTIGO REINO 

 

Após a unificação, o Egito foi governado por diferentes dinastias, aos reis do antigo Egito era atribuído o título de faraó. A Primeira Dinastia (3100a.C. - 2850a.C.) vai do reinado de Menés até o reinado de Bienequés. O primeiro faraó foi Menés (‎3100 a.C. a 3050 a.C), a quem coube unir o Alto e Baixo Egito em um único reino. Menés foi sucedido por Atótis (3050-2999a.C.), que manteve relações comerciais com o corredor Sírio-Palestino. Atótis foi seguido por Quenquenés (2999 - 2960 a.C.), que introduziu a tradição de comemorar a cada dois anos, a Escolta de Hórus.  

Quenquenés foi sucedido por Uenefés (2960-2930 a.C.), que realizou expedições ao Mar Vermelho e ao Deserto Oriental. O sucessor de Unefés foi o rei Usafedo (2930-2910 a.C.), que colaborou com o desenvolvimento da medicina egípcia, realizando estudos sobre o tratamento de fraturas. Depois do reinado próspero de Usafedo, o trono foi assumido por Miebido (2910-2890 a.C.), que teve um governo marcado por crises e rebeliões. Seu sucessor foi Semempsés (2890-2870 a.C.), que foi considerado um usurpador do trono. O último faraó da Primeira Dinastia foi Bienequés (2870-2850 a.C.) que celebrou duas festas Sede, festas cujo objetivo era regenerar o poder do soberano. 

Já a Segunda Dinastia (2850 – 2670), vai do reinado de Boco até o governo de Quenerés. O primeiro faraó da Segunda Dinastia, foi Boco (2850 – 2861 a.C.), no seu reinado ocorreu um terremoto que matou muitas pessoas. Boco foi sucedido por Queco (2861-2847 a.C.), no reinado do qual há a primeira representação da deusa Bastet, protetora das mulheres grávidas. 

Queco foi sucedido por Binótris (2847-2802 a.C.), em cujo reinado decidiu-se que as mulheres podiam exercer o poder real. Binótris foi sucedido por Peribessene (2802 – 2886a.C.), conhecido por ter promovido o culto solar. Depois do seu governo houve um período de instabilidade política (2886 – 2690a.C.). O último faraó da Segunda Dinastia foi Quenerés (2690-2670 a.C.), no reino do qual a unidade política se restabeleceu. 

A Terceira Dinastia (2670 – 2613a.C.) vai do reinado de Sequenquete ao governo do faraó HuniSequenquete (2670 – 2640a.C.)  deu início à construção da Pirâmide Enterrada, que, no entanto, ficou inacabada. Sequenquete foi sucedido por Djoser (2640 – 2650a.C.), responsável pela construção da Pirâmide de Degraus. Djoser foi sucedido por reis que governaram por curtos períodos de tempo, são eles Sanaquete (2650a.C. - 2643a.C.) e Caba (2643-2637 a.C.).  O último faraó da Terceira Dinastia foi Huni (2637-2613 a.C.), conhecido por ter construído diversas pirâmides em degraus que funcionavam como monumentos. 

A Quarta Dinastia (2613a.C. - 2500a.C.) inaugurou o período de apogeu do Reino Antigo, marcado pela prosperidade e pela construção de diversas pirâmides. Entre as pirâmides construídas pela Quinta Dinastia estão a Pirâmide de Userquerés, a Pirâmide de Sefrés, houve também a edificação do Templo do Sol e a construção de uma grande esfinge. Os governantes desse período foram: Sneferu (2613 – 2589a.C.), Quéops (2589-2566a.C.), Djedefré (2566-2558 a.C.),  Quéfren (.2558-2532 a.C.), Miquerinos (.2532-2503 a.C.) e Seberquerés (2503-2500 a.C.). 

A Quinta Dinastia (2500a.C. - 2340a.C.) foi marcada por importantes mudanças políticas no Egito faraônico: o poder de decisão passou a ser mais compartilhado entre os faraós, os cleros e os altos funcionários. Nesse período também se ergueu importantes pirâmides funerárias e templos solares. Os faraós desse período foram Usercafe (2500-2491 a.C.), Sefrés (2491-2477 a.C.), Neferircaré (2477-2467 a.C.), Neferefré (2460-2453 a.C.), Niusserré (2453-2422 a.C.), Menquerés (2422-2414 a.C.), Tanquerés (2414-2375 a.C.) e Unas (2375-2345 a.C.). 

A Sexta Dinastia (2340 – 2181a.C.) teve como nomes os seguintes faraós: Teti (2345-2333 a.C.), que se associou ao culto de Hator, deusa do céu, do sol e da música; Usercaré (2333-2332 a.C.), que teria supostamente usurpado o trono assassinando TetiPepi I (2332-2287 a.C.), que foi um importante guerreiro e construtor; Merenré (2287-2278 a.C.), que adotou uma política expansionista na região da Núbia; Pepi II (2278-2184 a.C.), que viveu 100 anos, sendo a pessoa que ficou mais tempo no poder em toda a história, governou, no entanto, num período de seca e fome; Netjercaré (2184-2181 a.C.), último governante da Sexta Dinastia. 

O fim da Sexta Dinastia marca um período de transição chamado Primeiro Período Intermediário (2181a.C. - 2062a.C.) que vai do final da Sexta Dinastia ao início da Décima Primeira. Esse período é marcado pela inexistência de um Estado unificado, de modo que o poder político se encontrava dividido entre diversos núcleos regionais. Esses núcleos regionais podem ser chamados de Reinos confederados. Com o tempo, três dos reinos confederados se destacaram: o Reino confederado do Norte, com capital em Hieracópolis, o Reino Confederado do Centro, com capital em Tebas, e o Reino Confederado do Sul, com capital em Elefantina. 

 

III. O REINO MÉDIO 

 

A reunificação do Egito Antigo se deu a partir do Reino Confederado do Centro, que primeiro teria dominado o Reino Confederado do Sul. Teriam restado então duas confederações, o Reino Confederado do Centro e o Reino Confederado do Norte. No confronto final, o Reino Confederado do Centro-Sul venceu, reunificando o Egito. O rei responsável pela unificação foi Mentuotepe I (2062 –2012 a.C.), primeiro rei da Décima Primeira Dinastia (2062 - 1991a.C.), que trabalhou para consolidar a unidade, empregando a força e realizando acordos. Foi sucedido por Mentuotepe II (2012-1998 a.C.), que realizou muitas obras nos templos, principalmente na região Norte, com trabalhos de relevo. O último faraó da Décima Primeira Dinastia foi Monthuhotep III (1998-1991a.C.), do qual não se sabe quase nada. 

A passagem da Décima Primeira para a Décima Segunda Dinastia (1991 –1802a.C.) pode ter se dado devido a um golpe de Estado, no qual Amenemés I (1991-1971 a.C.) teria sido conduzido ao poder depois de um período supostamente conturbado, tendo apoiado os monarcas, restaurando alguns dos títulos e privilégios. Amenemés I também edificou uma nova capital chamada Ity-tauy. Na nova capital, foram abertas escolas para a formação de futuros funcionários da administração real e para escribas leais ao governo. 

Amenemés I foi sucedido por Sesóstris I (1971-1928 a.C.), cujo governo foi marcado por estabilidade e prosperidade. O sucessor de Sesótris I foi Amenemés II (1928 – 1897a.C.), de quem sobreviveram duas grandes esfinges. Amenemés II foi seguido por Sesóstris II (1897 - 1878 a.C.), que estabeleceu também a primeira cidade-operária conhecida.  Sesótris II foi sucedido por Sesótris III (1878 - 1843 a.C.), em cujo governo o Egito viveu um apogeu, com a máxima expansão externa e a consolidação do poder da monarquia sobre os poderes independentes internos. Sesótris III foi seguido por Amenemés III (1842 - 1797 a.C.), que herdou a prosperidade do governo anterior e levou o Egito a um grau ainda maior de prosperidade, decorrente, em grande parte, dos grandes trabalhos hidráulicos. 

Depois de Amenemés III, os faraós que o sucederam assumiram o governo já com a idade avançada, o que pode ter levado a uma erosão do poder faraônico. Essa erosão deu origem ao Segundo Período Intermediário (1797 – 1550 a.C.).  Por volta de 1750 a.C., os hicsos, um povo semita asiático, invadiram ao Egito e estabeleceram um domínio sobre a região. Os hicsos provavelmente influenciaram a cultura egípcia, como a adoção, pelos egípcios, do carro de guerra e do cavalo e; a introdução do uso da picota (shaduf).  

 

IV. NOVO REINO 

  

O Novo Reino é considerado o período de maior auge da riqueza e do refinamento da cultura faraônica. As principais dinastias desse período foram a Décima Oitava Dinastia (1551 - 1293 a.C.), a Décima Nona Dinastia (1293 - 1196 a.C.) e a Vigésima Dinastia (1196 - 1070 a.C.). O faraó Amósis I reconquistou o Egito, expulsando os hicsos.  O período do Novo Reino foi marcado pelo prestígio de mulheres governantes, como Hatexepsute (1504 - 1483 a.C.), Nefertiti (c. 1370 - 1330 a.C.), Nefertari (1290 a.C.-1254 a.C) e Tauseret (1191-1189 a.C.). 

A Décima Oitava Dinastia foi formada por: Amenófis I (1551-1524 a.C.), no reinado do qual se deu a difusão do culto de Amón, deus sol; Tutemés I (1524 - 1518 a.C.), em cujo governo o Egito experimentou uma expansão territorial; Tutemés II (1518 - 1505 a.C.), que deu início à construção de alguns templos; Hatexepsute (1504 - 1483 a.C.), que foi uma rainha pacífica, articulada e poderosa; Tutemés III (1483-1450 a.C.), que liderou mais de 17 campanhas que alargaram de forma proeminente o Egito; Amenófis II (1453 - 1419 a.C.), rei bravateador que usou como tática de controle uma política de terror; Tutemés IV (1419 - 1380 a.C.), que como política exterior adotou a diplomacia; Amenófis III (1380 -1349 a.C.), que teve um governo próspero marcado pela construção de vários palácios e monumentos; Aquenáton (1350 -1334 a.C.), que realizou uma reforma religiosa propondo um deus monoteísta chamado Aton; Tutancâmon (1334 - 1325 a.C.), que pôs fim à adoração do deus Áton e restaurou o deus Amom à supremacia; Horemebe (1325 –1293a.C.), que se opôs mais ainda à religião monoteísta de Aton e realizou reformas administrativas contra a corrupção. 

A Décima Nova Dinastia teve como primeiros de seus nomes: Ramessés I (1293 e 1291 a.C., que assumiu o trono já velho e governou por pouco tempo; Seti I (1291 - 1279 a.C.), que recuperou alguns territórios perdidos; Ramsés II (1290 - 1224 a.C), que fez grandiosas construções no Egito, venceu a Batalha de Kadesh contra os hititas. Depois de Ramsés II outros faraós governaram o Antigo Egito indo até o ano 525 a.C. quando o Egito foi conquistado pelo Império Persa. 

 

 

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