COMO TUDO TERMINARÁ?
O objetivo deste texto é pensar a partir de uma análise conjunta de texto bíblicos em associação com princípios éticos racionais, como será a Vinda de Cristo e o destino final dos justos e dos ímpios. Portanto, é preciso pensar: como e quando Jesus voltará? Serão os maus lançados no inferno eterno como punição final por seus atos? Serão os salvos arrebatados para morar no céu? Para responder tais questões precisamos perguntar tanto o que a Bíblia ensina quanto o que está de acordo com a Ética. Por exemplo, será que há base bíblica para crer que Deus atormentará pessoas no fogo para sempre? E, é compatível com a Ética que pessoas sejam torturadas por incontáveis bilhões de anos?
A posição escatológica mais comum no meio evangélico
brasileiro é a de que atualmente há sinais que apontam para o fim: a guerra, a
fome, os terremotos e as doenças. E, a qualquer momento cristãos genuínos em
todo o mundo irão desaparecer repentinamente num só instante. Tais cristãos
terão sido transportados para o Céu onde receberão recompensas no tribunal de
Cristo e participarão de uma festa chamada bodas do cordeiro. Enquanto a Igreja
festeja no céu, a terra entraria na fase da Tribulação que durará sete anos.
Nos primeiros três anos e meio, um homem (o anticristo) instaurará um governo
mundial de paz e prosperidade, no entanto, na segunda parte dos sete anos, tal
governante iniciará uma terrível perseguição contra todos os que não o
adorarem. Homens fiéis que não aceitarem tal adoração serão martirizados. Essa
segunda parte da Tribulação é chamada de Grande Tribulação.
Terminado os sete anos de Tribulação, de acordo com
essa doutrina, ocorrerá a Vinda visível de Cristo. Será implantado na terra um
Governo de justiça e retidão que durará mil anos e em que Jesus se assentará no
trono de Davi. Nesse tempo, Israel terá aceitado o Messias e todas a promessas
de terra e prosperidade material que Jeová prometeu aos hebreus será cumprida.
Terminado os mil anos, ocorrerá o Juízo Final, toda a humanidade será julgada.
Os ímpios serão condenados ao inferno eterno, no qual serão torturados por
incontáveis bilhões de ano. A terra, entretanto, será renovada e transformada
em um paraíso e nela os justos viverão para sempre.
Essa visão de escatologia, por mais sincera que seja,
não respeita uma análise mais adequada dos textos bíblicos em seu contexto.
Devemos ser sinceros que em escatologia não podemos bater o martelo, que esse é
um assunto obscuro e que não podemos afirmar nada com absoluta certeza. Por
isso, a visão escatológica apresentada aqui é uma hipótese, uma sugestão de
interpretação. Esse texto não tem a intenção de ser dogmático, mas apenas de
desenvolver uma compreensão contextual sobre o tempo do fim. Consideraremos:
(i) quem é o anticristo? ; (ii) o que é a Grande Tribulação?; (iii) a Vinda de Cristo
e; (iv) o destino final dos justos e dos ímpios.
QUEM É O ANTICRISTO?
Fomos treinados, como
já observado, em uma escatalogia que diz que no futuro surgirá um homem que
fará aliança com Israel instaurando uma nova ordem mundial, que se estabelecerá
quando a igreja desaparecer da terra. Mas essa teoria não se adequa a uma
análise bíblica mais adequada. Segundo a Bíblia, o Anticristo é um sistema ou
poder religioso. Em Apocalipse 13, a Bíblia fala de duas Bestas, uma simboliza
o poder político e a outra o poder religioso que se opõe a Cristo (por isso tal
sistema é chamado de anticristo). Quando o texto foi escrito, o poder político
a que se referia a passagem era o Império Romano e o poder religioso dizia
respeito ao culto de Roma pagã que promovia a adoração ao imperador. No entanto,
as Bestas podem ser entendidas como fazendo referência a qualquer poder
político-religioso que se opõe a Cristo.
Paulo, no entanto,
fala de um "anticristo", no sentido de alguém que se coloca no lugar
de Cristo, mas que ainda não existia no seu tempo (2 Tessalonicenses 2:1-12).
Ele diz que antes de Cristo voltar, surgiria uma grande apostasia, o
"mistério da iniquidade", e o anticristo se assentaria no próprio
Templo de Deus, isto é, na própria Igreja que se professa cristã. O apóstolo
diz, no entanto, que isso só aconteceria quando "o que o detém" fosse
tirado do lugar. Pais da igreja interpretaram isso como uma referência ao
Império Romano. Ou seja, para que o poder religioso-político do anticristo se
estabelecesse, o poder de Roma imperial deveria cair, deixando aberto o caminho
para o domínio de um novo sistema. Qual sistema religioso-político dominou o
mundo após a queda do Império Romano? É fácil responder: a Igreja Romana
liderada pelo papado. O papado pretende ser o vigário de Cristo, o cabeça da
Igreja e, por isso, se coloca no lugar de Cristo.
Portanto, o anticristo pode ser entendido em
três sentidos: (i) como uma referência ao sistema religioso-político do Império
Romano existente na época da escrita do Apocalipse; (ii) como uma referência a
qualquer sistema religioso-político que se opõe a Cristo e; (iii) como uma
referência a Roma papal. Portanto, não precisamos achar que um dia no futuro
surgirá um homem que implantará um governo mundial, não há razão para temer um “chip”
que seria implantando por tal governo ou coisas do tipo. O anticristo está em
operação no mundo desde os tempos dos apóstolos, presente em qualquer poder que
se opõe a nosso Senhor e, hoje, ele está representado principalmente pelo Papado
romano que se colocou no lugar de Cristo e lidera uma Igreja corrompida que diz
ser representante de Cristo. É importante pontuar que não é um homem específico
que é o anticristo, não é um papa, mas o papado enquanto sistema.
O QUE É A GRANDE
TRIBULAÇÃO?
Muitas
pessoas creem que no futuro haverá uma grande tribulação, na qual flagelos e
pragas divinas cairão sobre a Terra. Uma análise bíblica adequada nos revelará
que a grande tribulação já ocorreu. Veja o que diz o seguinte texto: “Porque
haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até
agora, nem tampouco há de haver.” (Mateus 24:21). Algo importante sobre esse
texto, é que ele usa uma expressão hiperbólica para descrever um juízo divino.
Por exemplo, o juízo de Jeová contra o Egito foi assim descrito: “Haverá grande
pranto em todo o Egito, como nunca houve antes nem jamais haverá.” (Êxodo
11:6).
Outra
descrição hiperbólica, agora sobre o juízo contra a antiga Babilônia, diz: “As
estrelas do céu e as suas constelações não mostrarão a sua luz. O sol nascente
escurecerá, e a lua não fará brilhar a sua luz.” (Isaías 13:10). De modo
similar, Cristo disse: “E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol
escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as
potências dos céus serão abaladas.” (Mateus 24:29). Não devemos achar que
literalmente estrelas cairão do céu, tais expressões são uma descrição figurada
dos juízos divinos contra uma cidade ou nação.
A que juízo Cristo se referia quando
falou da grande tribulação? Precisamos entender Mateus 24 em seu contexto.
Mateus 24 narra uma tarde de terça-feira, na qual Jesus tinha acabado
de dizer que o Templo seria destruído. O discurso que Jesus fará agora precisa
ser entendido nesse contexto. O Templo é cheio de prefigurações e sua
destruição também é prefigurativa. Quando Jesus fala de fim do
"mundo", por "mundo" (αἰῶνος, literalmente: “era”) ele não
tem em mente o Universo, mas um modo de existência ou um determinado
"sistema de coisas". A destruição do Templo marca o fim do sistema de
coisas judaico, da antiga “era”. Assim, quando os discípulos perguntam sobre o
fim do "mundo", Jesus os responde sobre o fim do antigo sistema de
coisas judaico.
Ele inicia seu discurso dizendo que haveria
guerra e fome, que nação se levantaria contra nação, isso ocorreu em 70d.C.
quando Jerusalém foi invadida pelos romanos, os exércitos profanaram o Templo à
semelhança do que fez Antíoco Epifânio séculos antes, é isso que Jesus quer
predizer quando fala do "abominável da desolação" (Mateus 24:15).
Então, Jesus diz que haverá uma "grande tribulação" como nunca houve,
a invasão de Jerusalém é a maior destruição já sofrida pelos judeus, ela marca
o fim do Templo e do sistema de coisas judaicos. Esses sinais manifestam a vinda
(παρουσίας, "parousia", literalmente: “presença”) de Jesus,
ela significa não exatamente um retorno visível, mas a pre-sença invisível de
Jesus na figura de um juiz, ele simbolicamente julga a cidade que o matou. Mas
essa pre-sença se torna visível por meio desses sinais, toda essa desolação é
um sinal de que Jesus está presente: são os sinais da vinda (parousia:
presença) de Jesus.
É por todos esses eventos ocorrerem quarenta anos
depois do discurso de Jesus, que ele pode dizer: "Eu lhes garanto que esta
geração de modo algum passará até que todas essas coisas aconteçam"
(Mateus 24:34). A grande tribulação aconteceu, pois, na mesma geração em que
Cristo falou sobre ela. Mas devemos lembrar que o Templo é prefigurativo, a
destruição do Templo é um tipo da destruição do mundo. Mas, novamente, mundo
significa um determinado sistema de coisas. O mundo como o conhecemos, com
guerras, dor, tristezas e sofrimentos e seus governos humanos, também chegará
ao fim para dar lugar a um novo sistema de coisas, um novo céu e uma nova
terra, onde não haverá mais morte, nem tristeza, nem dor.
A VINDA DE
CRISTO
A
qualquer momento Cristo deve voltar, seu retorno pode acontecer neste instante
ou ainda demorar mais séculos, não sabemos. Quando Deus entender que a história
caminhou o que ela tinha de caminhar, então Jesus virá. Muitos creem que Cristo
virá para nos levar para o céu, enquanto outros acham que ele virá estabelecer
o Milênio. Essas duas interpretações não parecem adequadas. Para entender como
será a volta de Jesus, precisamos atentar para alguns textos. Quanto ao Milênio,
basta dizer que ele é apenas um símbolo do Reino de Deus que Cristo estabeleceu
na sua primeira vinda à terra. Nós estamos vivendo o Milênio hoje, Cristo reina
através da sua Igreja e o mal não pode prevalecer contra a Igreja, eis porque
se diz que o diabo está simbolicamente preso (Apocalipse 20:2). O número mil é
simbólico e significa paz e plenitude, não descreve um período literal de mil
anos.
Façamos agora uma leitura da Vinda de
Cristo fazendo uma correlação a partir de diversas passagens bíblicas. Paulo escreveu
que quando Cristo voltar, aqueles que aceitaram a salvação em Cristo serão
ressuscitados e eles serão arrebatados juntamente com os salvos que estiverem
vivos. Esse arrebatamento não será secreto ou invisível, será, ao contrário, acompanhado
de sons de trombeta. Ser arrebatado também não significado ser levado para o
céu, mas sim subir até uma certa altura (1 Tessalonicenses 4:15-17). A Igreja
vai subir até uma certa altura para recepcionar Jesus e depois voltará à terra
(Judas 1:14).
Pense nisso como um
amigo que você não vê há muito tempo e que decidiu encontrar contigo, você está
tão ansioso, que decidiu ir de encontro ao seu amigo para recepciona-lo antes
mesmo de chegar à sua casa, e depois vocês caminhariam para sua casa juntos. Do
mesmo modo, a Igreja subirá às alturas até encontrar Cristo nos ares e depois
descerá de volta à terra. Vimos que todos aqueles que aceitaram a Cristo serão
ressuscitados, no entanto, a Bíblia diz que os não salvos também serão
ressuscitados (Atos 24:15). Precisamos pensar com mais cuidado sobre aqueles
que estão incluídos entre os não-salvos, tantos os que estiverem vivos quando Cristo
voltar quanto os que morreram e voltaram a viver. Mas antes é preciso entender a
morte para termos mais clara a razão da ressurreição.
A morte é um estado de
inconsciência, os ressuscitados não estavam nem no céu nem no inferno, eles
apenas estavam literalmente mortos. Muitas pessoas têm medo de que um ente
querido que morreu esteja sofrendo no além, outros temem ir para o inferno ou
encontrar um mundo de sofrimento do outro lado. Já alguns pensam que os mortos
vão para o céu. Mas o que a Bíblia realmente ensina? De acordo com Eclesiastes
9:5: "os mortos não estão conscientes de nada". Salmo 115:17 diz:
"os mortos não louvam o Senhor, tampouco nenhum dos que descem ao
silêncio." Para a Bíblia, os mortos não vão para o inferno, nem para o
céu. Na verdade, eles serão ressuscitados um dia, não para irem para o céu ou
para o inferno, mas para viverem na Terra restaurada: "haverá uma
ressurreição tanto de justos como de injustos” (Atos 24:15).
Entre os não-salvos há
um grande grupo que ainda em vida conheceu o Evangelho e rejeitou Cristo e
a vida eterna. Conscientes de que Cristo é real e que o paraíso é verdadeiro,
ainda em vida, tais pessoas decidiram rejeitar a salvação. Para muitos
indivíduos cruéis, um paraíso de perfeita harmonia e ordem seria uma tortura.
Tais pessoas preferirão a morte eterna à vida eterna. Cristo, então, as julgará
com retidão, explicará para elas o quanto seu caráter não está em conformidade
com o caráter de Deus. Esse será o juízo final. Jesus será tão claro sobre a
incompatibilidade do coração cruel de tais pessoas com os padrões de amor, que
elas mesmas se sentirão culpadas. Sua “punição” será a própria consciência
atormentada. Tais pessoas terão tempo de refletir em tudo o que fizeram, quanto
mais cruel seus corações mais os “açoites da consciência” as atormentarão
(Lucas 12:47-48).
No entanto, haverá entre
os não-salvos pessoas que não rejeitaram conscientemente a Cristo em vida.
Pense nas milhares de pessoas que nunca nem sequer ouviram falar do Evangelho.
Seria injusto que tais pessoas não recebessem a vida eterna só por terem sido
privadas da mensagem cristã por questões circunstanciais ou geográficas. Mas
imagine também alguém que até conheceu o Evangelho, mas não teve luz suficiente
para aceitá-lo. Há pessoas que recusaram o Evangelho porque aprenderam um falso
evangelho, há ateus que deixaram de crer em Deus porque sinceramente estudaram
os argumentos, mas diante de objeções fortes de ambos os lados, não conseguiram
encontrar uma base sólida para crer. Eticamente, Deus só pode rejeitar a vida
eterna àqueles que de maneira consciente o rejeitaram. Seria injusto Deus condenar
uma pessoa que o rejeitou sem saber o que estava fazendo.
Lembremos da oração de
Jesus “Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem” (Lucas 23.34). Cristo
intercede a Deus que perdoe aqueles que o rejeitaram sem saber o que estavam
fazendo. A vida eterna só não será recebida por aqueles que de maneira
consciente a rejeitaram, somente aqueles que sabiam muito bem o que estavam
fazendo ao negar a oportunidade de salvação é que não terão a vida eterna.
Agora que Cristo retornou visivelmente, que ele explicou a todos o caráter de
Deus e a esperança do paraíso, nenhuma alma poderá dizer não saber o que faz ao
tomar sua decisão. Então, um último convite será feito: “E o Espírito e a
esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem
quiser, tome de graça da água da vida” (Apocalipse 22:17).
No juízo final, tudo
estará explicado, todos entenderão suas decisões e aceitarão sua recompensa.
Mesmo o homem mais cruel admitirá que a justiça divina foi feita. Por isso,
todos, mesmo aqueles que recusarem a vida eterna, se prostrarão diante de
Cristo em um ato de adoração: “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho
dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua
confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” (Filipenses
2:10-11).
O DESTINO FINAL DOS
JUSTOS E DOS INJUSTOS
O
que acontecerá com os que rejeitarem a vida eterna? Muitos creem que os que
rejeitarem a vida eterna, serão condenados a um tormento eterno no inferno. Mas
será isso mesmo que a Bíblia diz? De acordo com Salmos 37:10 chegará o tempo
que os maus simplesmente "deixarão de existir". A oportunidade de
vida eterna é oferecida a todos, mas há pessoas que não desejam viver no
paraíso. Como já dito, para muitos indivíduos cruéis, um paraíso de perfeita
harmonia e ordem seria uma tortura. Tais pessoas preferirão a morte eterna à
vida eterna. Os que rejeitarem a vida eterna não serão lançadas no inferno, eles
serão simplesmente "eliminados", Deus os fará "desaparecer"
(Salmos 73:19-20).
Muitos, no entanto,
talvez lembrem de textos bíblicos que falam de um fogo no qual serão lançados
os ímpios. Precisamos, entretanto, entender o contexto desses textos. Próximo a
Jerusalém, havia um vale chamado "Geena" (Vale de Hinon - termo
erroneamente traduzido por "inferno" em textos como Mateus 5:22;
10:28 e Marcos 9:43-47). “Geena” era um vale que funcionava como um depósito de
lixo a sudoeste da antiga Jerusalém (Jeremias 7:31-32). Ali havia um fogo que
estava sempre aceso, incinerando o que ali era jogado. Quando um criminoso era
morto, era comum que seu cadáver fosse lançado nesse lixão, ali o seu corpo era
comido por vermes enquanto era consumido pelas chamas (Isaías 66:24). Quando a
Bíblia fala que os ímpios serão lançados no fogo, na verdade está fazendo
alusão a esse vale, que se tornou símbolo da punição com a morte sofrida pelos
criminosos.
Que o "fogo nunca
se apague" é uma expressão bíblica que significa que tal morte é
irreversível, ou seja, é uma morte para a qual não haverá ressurreição.
Jeremias 17:27, por exemplo, usa o termo "fogo que não se apaga" no
sentido de um fogo que não se apaga enquanto não destruir totalmente aquilo que
por ele é queimado. Por isso, Apocalipse 21:8 diz que "o lago de fogo
representa a segunda morte", isto é, a morte eterna, a destruição total e
final. Portanto, biblicamente, não existe nenhum inferno de fogo, o que ocorre
simplesmente é que o lixão de Jerusalém no qual cadáveres de criminosos eram
incinerados, foi tomado como símbolo do aniquilamento total.
Deus não obrigará
ninguém a viver eternamente no paraíso, por isso, aqueles que rejeitarem a vida
eterna serão simplesmente eliminados da existência: "Os pecadores
desaparecerão da terra, e os maus deixarão de existir." (salmos 104:35).
"Quanto aos maus, serão eliminados da terra" (Provérbios 2:22);
"O opressor há de ter fim, a destruição se acabará e o agressor
desaparecerá da terra." (Isaías 16:4). "Será o fim do cruel, o zombador
desaparecerá e todos os de olhos inclinados para o mal serão eliminados”
(Isaías 29:20).
Tendo aniquilado todos
os maus, Deus renovará a terra e a transformará em um paraíso. No paraíso, os
justos "construirão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão do
seu fruto." (Isaías 65:21). "O lobo viverá com o cordeiro, o leopardo
se deitará com o bode, o bezerro, o leão e o novilho gordo pastarão juntos; e
uma criança os guiará. Ninguém fará nenhum mal, nem destruirá coisa alguma e
toda Terra se encherá do conhecimento do Senhor" (Isaías 11:6,9). A
esperança fornecida pela Bíblia não é a de um céu espiritual, mas da
transformação de nossas condições materiais de existência: fim da pobreza, das
desigualdades sociais, da fome, da guerra e a promessa de restauração ecológica
do globo. Isso é representado pela transformação de regiões desérticas da Terra
em parques ajardinados, pomares e campos frutíferos.
Então a Igreja que
encontrou Cristo nas alturas, simbolizada pela “nova Jerusalém”, descerá de volta
à terra (Apocalipse 21:2), todos os que escolheram a vida eterna entrarão no novo mundo. Tudo de
bom que a humanidade produziu, como a tecnologia, será levado à perfeição e
fará parte da nova criação. A ideia de uma vida eterna no céu etéreo não é o
ensino bíblico. Ao contrário, a Bíblia diz que a salvação se desenrola neste
mundo material, em nosso corpo de carne e osso. Não fala de uma vida após a
morte como espíritos incorpóreos vivendo para sempre num mundo imaterial. Ao
contrário, a Bíblia fala de salvação no sentido de renovação do planeta terra.
Promete uma restauração ecológica, descreve um mundo com vegetação exuberante,
rios, florestas e belos animais vivendo em harmonia. Vai além disso, fala de
cidades, casas, ruas, trabalho, diversões, celebrações.
O paraíso, trata-se,
não de um domínio espiritual intangível, mas de um lugar em que tudo é bem
real, material, concreto e físico. O paraíso bíblico é um paraíso terrestre, se
dá aqui neste mundo, é um lugar onde poderemos esperar ter uma vida bem
terrena, com nosso trabalho, nossas refeições e atividades cotidianas. Com base
na noção bíblica de redenção de todas as coisas, podemos esperar encontrar no
paraíso a presença da internet, de aparelhos tecnológicos e cidades
superdesenvolvidas, com ruas, automóveis e assim por diante. Ali, no entanto, não
haverá cansaço monotonia, dor, fadiga ou tédio. “Deus enxugará dos nossos olhos
toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a
antiga ordem já passou" (Apocalipse 21:4).
Comentários