LEIA TAMBÉM (CLIQUE NA IMAGEM)

A CONSTITUIҪÃO ONTOTEOLÓGICA DA METAFÍSICA - HEIDEGGER (RESUMO)



        O que se segue é um resumo da conferência “A Constituiҫão Ontoteológica da Metafísica” proferida por Martin Heidegger em fevereiro de 1957. O objetivo do texto é estabelecer um diálogo com a filosofia de Hegel e apresentando a ontoteologia como traҫo fundamental da metafísica. É importante colocar que este resumo é apenas uma apresentação do texto original de forma compactada, sem paráfrases ou resenhas críticas. A ideia é de que o texto permaneça do autor original.


O OBJETO DO PENSAMENTO

            O objetivo deste texto é iniciar um diálogo com Hegel. O diálogo com um pensador só pode tratar do objeto do pensamento. Para Hegel, o objeto do pensamento enquanto tal. O pensamento é a Ideia Absoluta e a Ideia absoluta é o ser.
            Para Hegel, ser significa a indeterminada imediatidade. Ser é o absoluto auto-pensar-se do pensamento. A verdade do ser é a essência. Somente o pensamento absoluto é a verdade do ser, é ser.

SER E HISTÓRIA DA FILOSOFIA EM HEGEL

            A relaҫão de Hegel com a história da filosofia é a relaҫão especulativa e somente enquanto tal ela é a relaҫão historial. A história se move no sentido de um processo dialético. Esse processo é apresentado no desenvolvimento do pensamento na história da filosofia libertado do caráter historial, puramente no elemento do pensamento.
            A filosofia e a história da filosofia devem permanecer, para Hegel, na relaҫão de exterioridade. Exterioridade significa o âmbito exterior, no qual reside toda a história e qualquer processo real, diante do movimento da Ideia Absoluta. A própria exterioridade é uma determinaҫão dialética. O objeto do pensamento é, de acordo com Hegel, em si historial, no sentido do acontecer cujo caráter do processo é o ser enquanto pensamento que se pensa a si mesmo.

ESTABELECENDO UM DIÁLOGO COM HEGEL

            Hegel pensa o ser do ente especulativo-historialmente. Nós também precisamos pensar o ser em Hegel historialmente. Comeҫaremos fazendo uma comparaҫão entre o pensamento de Hegel e o nosso.
            Para Hegel, o objeto do pensamento é o ser como pensamento absoluto, para nós é o ser como diferente do ente. Para Hegel, o método para diálogo com a história da filosofia consiste em entrar no âmbito do que foi pensado pelos primeiros pensadores, para nós consiste em buscar forҫa no impensado. Para Hegel, o caráter do diálogo com a história da filosofia é o sobressumir, para nós é o regresso como passo de volta.

A ONTOTEOLOGIA COMO TRAҪO FUNDAMENTAL DA METAFÍSICA

            Hegel entende a Teologia como a enunciaҫão do pensamento especulativo sobre Deus. A Metafísica pensa o ente enquanto tal de modo que o ser do ente é pensado como o fundamento fundante. Desse modo, toda a metafísica é, basicamente desde o fundamento, o fundar que presta contas do fundamento. A ontologia e a teologia exploram o ente enquanto tal e o fundam no todo. Elas prestam contas do ser enquanto fundamento do ente. A metafísica é ontoteológica.
            O objeto do pensamento é o ente enquanto tal, isto é, o ser. O objeto do pensamento, o ser como fundamento, só é radicalmente pensado quando o fundamento é radicalmente representado como o primeiro fundamento. O objeto originário do pensamento mostra-se como a causa originária, a causa primeira, a causa primeira, que corresponde ao retorno fundamente, a razão última, ao último prestar contas. A causa primeira é entendida como Deus.

  A DECISÃO COMO FUNDAR-SE DE SER E ENTE

            Ser do ente significa ser que é o ente. O é fala transitivamente, ultrapassando. O ser se manifesta como fenômeno ao modo de uma ultrupassagem para o ente. Ser ultrapassa o ente param sobrevém desocultando o ente que somente por meio desse sobrevento advém como desvelado a partir de si mesmo. Advento significa ocultar-se no desvelamento, demorar-se oculto no presente. Ser mostra-se como sobrevento desocultante. O ente enquanto tal aparece ao modo do advento que se oculta no desvelamento. A diferenҫa entre ser e ente é, enquanto diferenҫa entre sobrevento e advento, a decisão desocultante-ocultante de ser e ente.
            O Ser fala sempre historialmente e por isso, perpassado pela tradiҫão. Ser somente se dá sempre com cunho historial. Somente atingimos a proximidade que vem do destino historial, através do súbito instante de uma lembranҫa. Quando nós falamos da decisão, já permitimos que faҫa uso da palavra aquilo que foi e continua sendo, na medida em que lembremos o desocultar e ocultar, a ultrapassagem (transcedência) e o advento (presentar).
            O ser mostra-se no sobrevento desocultante como deixar-estar-aí do que advém, como fundar nos múltiplos modos do aduzir e produzir. O ente enquanto tal, o advento que se oculta no desvelamento é o fundado que, como fundado, funda a seu modo, a sua obra, isto é, causa. Os elementos da decisão causa.
            A decisão é um circular de ser e ente um em torno do outro. O fundar mesmo aparece no seio da revelaҫão da decisão como algo que é e que assim por si mesmo exige, enquanto ente, a correspondente fundaҫão pelo ente, isto é, a causaҫão pela causa suprema (Deus).

DEUS E A FILOSOFIA

A metafísica é tanto ontológica quanto teológica. É ontológica enquanto pensa o ente no que diz respeito ao seu fundamento comum a cada ente enquanto tal. É teológica enquanto pensa o ente enquanto tal no que diz respeito ao ente supremo que a tudo fundamenta. Assim, a metafísica é, a partir da unidade unificadora da decisão, unitária e simultaneamente ontologia e teologia.
Deus entra na filosofia como causa primeira. No entanto, não se pode dirigir oraҫões a uma causa primeira, nem se prostrar diante dela em adoraҫão. Sendo assim, o pensamento ateu que se sente impelido a abandonar o Deus da filosofia, o Deus como causa suprema, está talvez mais próximo do Deus divino.

Comentários

FAÇA UMA DOAÇÃO

Se você gostou dos textos, considere fazer uma doação de qualquer valor em agradecimento pelo material do blog. Você pode fazer isso via PIX!

Chave PIX: 34988210137 (celular)

Bruno dos Santos Queiroz

VEJA TAMBÉM

TEXTOS BÍBLICOS ABSURDOS

O MITO DA LIBERDADE - SKINNER (RESUMO)

AMOR LÍQUIDO - ZYGMUNT BAUMAN (RESUMO)

CULTURA E SOCIEDADE - ANTHONY GIDDENS

AMOR ERÓTICO EM CANTARES DE SALOMÃO

O SER E O NADA (RESUMO)

SER E TEMPO (RESUMO)

SOCIOLOGIA DO CORPO - ANTHONY GIDDENS (RESUMO)

20 MITOS DA FILOSOFIA