A DEFESA DO VERDADEIRO EVANGELHO CONTRA OS FALSOS MESTRES - GÁLATAS 1.6-10
O que se segue é uma exegese feita no
texto de Gálatas 1.6-10. Nessa seção o apóstolo defende o evangelho da graça do
nosso Senhor contra o ensino dos judaizantes de que o cristão deveria se
submeter à Lei para ser salvo. Será feita uma análise versículo por versículo e
no fim serão extraídas algumas aplicações a partir do texto.
6: “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na
graça de Cristo para outro evangelho,”
Θαυμάζω ὅτι οὕτως ταχέως μετατίθεσθε
ἀπὸ τοῦ καλέσαντος ὑμᾶς ἐν χάριτι Χριστοῦ εἰς ἕτερον εὐαγγέλιον
Há uma discussão se os
gálatas a quem a epístola se destina se refere ao povo ético chamado de gálatas
ou à província política maior da Galácia. Se adotarmos a primeira posição, os
gálatas podem ser uma referência às igrejas de Antioquia (Psídia), Icônico
(Frígia), Listra e Derbe (cidades da Licônica). Se isso for assim, os gálatas
se referem aos primeiros convertidos à fé cristã (WH). O apóstolo evangelizou
os gálatas em sua primeira viagem missionária. A epístola talvez seja a
primeira carta de Paulo e por isso foi escrita não muito depois da conversão
dos destinatários (Atos 13 – 14). A igreja se alegrou com a conversão dos
gentios que abraçaram a fé na primeira viagem missionária do apóstolo, no
entanto, alguns cristãos judaizantes, em geral fariseus nominalmente conversos,
entendiam que era necessário muito mais que fé para ser salvo. Era preciso se
submeter às leis judaicas, particularmente à circuncisão, para se obter a
salvação. Foi realizado, então, o Concílio de Jerusalém que decidiu contra os
judaizantes com a divulgação de um decreto escrito que deveria ser recebido
pela igreja toda. No entanto, os judaizantes não se renderam e continuaram a
perturbar os gálatas, questionando o apostolado paulino e exigindo a
circuncisão dos gentios. É a fim de defender o evangelho da graça contra esses
perturbadores que essa seção se destina (WH).
Dois temas que são recorrentemente
tratados na epístola são o apostolado e o evangelho pregado por Paulo. Paulo se
estende na introdução da carta na apresentação de suas credenciais apostólicas.
Desde sua visita à Galácia, as igrejas da região eram perturbadas por falsos
mestres judaizantes (JS). Os falsos mestres ensinavam que os gentios deveriam
viver de acordo com as leis judaicas, adotando a circuncisão, as leis
alimentares e a guarda dos dias cerimoniais. Eles tentavam persuadir os gentios
a adotarem o modo judaico de vida (FT).
Glauber observa que a epístola é
direcionada a uma província (plural: igrejas da Galácia). Paulo saúda a igreja
da Galácia relembrando que Cristo se entregou por nossos pecados para livrar-nos
do mundo perverso (E). A partir daí, o apóstolo passa a exortar os gálatas
contra o falso evangelho e em seguida afirma firmemente ele é um apóstolo
aprovado por Cristo. Segundo Glauber, a autoridade apostólica estava sendo
questionado pelos falsos mestres. A partir daí, a epístola tratará do problema
dos judaizantes, o que dá a entender que o falso evangelho, contra o qual o
apóstolo Paulo se coloca, é a heresia ensinada pelos judaizantes de que ainda
estamos debaixo da lei. Glauber nota que na igreja havia judaizantes que
ensinavam a lei como meio de salvação (E).
Segundo Glauber, essa é uma carta mais
pessoal do que Romanos, por exemplo. Em Gálatas, o apóstolo expressa com mais
clareza suas emoções e por isso ela é também uma carta mais dura. Paulo não
traz ações de graça iniciais como nas outras cartas, ele vai direto ao assunto.
Isso demonstra a importância que ele dá a uma teologia sadia. Erros
doutrinários não devem ser tratados com desdém. Paulo também se mostra infeliz
com os gálatas, pois ele próprio havia fundado a igreja e ela já estava sendo
influenciada pelos falsos mestres (E). O apóstolo manifesta certa dureza nessa
seção, mas não é algo como uma explosão de ira, é mais um espanto do que um
ressentimento. Embora os repreenda,
Paula não os rejeita (WH)
Paulo inicia dizendo que está
“admirado” com o fato dos gálatas estarem passando tão “depressa” para um falso
evangelho. O verbo “admirar” aparece em outra versão como “maravilhar” (ARC). A
ideia parece ser de que Paulo está espantado, não só com o fato de que os
gálatas passarem para um falso evangelho abandonando o Deus gracioso, mas que
isso aconteceu muito depressa. Ou seja, foi algo que era inesperado para o
apóstolo. O verbo “Θαυμάζω” traz a ideia de “impressionado” ou “surpreendido”
(HWS). Glauber nota a surpresa de Paulo e cita Gálatas 3.1, ali o apóstolo
chama os gálatas de insensatos. Os falsos mestres fascinavam (enfeitiçavam) os
gálatas (E). O “tão depressa” mostra que o espanto do apóstolo está no fato de
que os gálatas estavam em processo de mudança de posição logo após a conversão,
pouco depois de terem sido evangelizados pelo apóstolo (WH)
No entanto, para Glauber, o tempo verbal
no presente (“estejais passando”) indica que a condição da igreja era
transitória, não permanente. Ainda havia esperança. Ele pontua que o verbo para
“passar” em grego era usado para falar da deserção de um soldado ou de pessoas
que abandonavam algum partido filosófico. Os gálatas estavam desertando,
traindo a Cristo e seu exército. A falsa teologia é uma deserção. Paulo afirma
que os gálatas estavam abandonando o próprio Deus. Abandonar o evangelho é
igual a abandonar a Deus. É impossível abandonar o evangelho sem abandonar a
Deus (E).
Em seguida lê-se: “Aquele que vos chamou na graça de Cristo”
(ARA) ou “Aquele que os chamou por meio da graça de Cristo” (NTLH), “Aquele que
vos chamou pela graça de Cristo” (SBB), “Aquele que vos chamou à graça de
Cristo” (ARC, VC), “Aquele que os chamou com a bondade de Cristo” (TNM) ou
ainda “Deus, que na sua misericórdia vos chamou a participar da vida eterna
através de Cristo.” (OL). O agente do chamado certamente é Deus Pai (v.4). Aqui
já há uma ênfase no fato de que Deus é o autor da salvação e de que é Ele quem
vocaciona ou chama seus eleitos. As versões parecem divergir sobre se Deus
chama seus eleitos através da graça ou para a graça. A preposição usada no
grego é “ἐν” que significa “em” e “χάριτι” está no dativo podendo indicar lugar.
Assim, parece mais apropriada a tradução da ARA. O chamado aqui, provavelmente,
se refere à vocação eficaz, e por isso, o apóstolo pode ser otimista quanto ao
fato de que os gálatas receberiam suas exortações e não rejeitariam
definitivamente o verdadeiro evangelho. No entanto, mesmo assim ele faz duras
advertências, pois elas são os meios que Deus usa para preservar seus santos
até o final (WH).
Não obstante, está claro o fato de que o
chamado de Deus é gracioso, o que significa que o mérito não é nosso. Desse
modo, fica evidente que quando o apóstolo contrasta isso com o “outro
evangelho”, ele está insinuando que esse outro evangelho se opõe à noção de que
Deus é quem chama seus eleitos pela graça.
7: “o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem
perverter o evangelho de Cristo.”
ὃ οὐκ ἔστιν ἄλλο εἰ μή τινές εἰσιν
οἱ ταράσσοντες ὑμᾶς καὶ θέλοντες μεταστρέψαι τὸ εὐαγγέλιον τοῦ Χριστοῦ
O pronome relativo “ὃ” (“o qual”) retoma
“ἕτερον εὐαγγέλιον” (“outro evangelho”).
No verso anterior, o apóstolo havia chamado o falso evangelho de “outro
evangelho”, mas aqui ele ressalta que esse evangelho não é “outro”. Ao que
parece, o apóstolo quer realçar que o falso evangelho, apesar de ser chamado
“outro evangelho”, não é algo como mais um evangelho alternativo ao lado do
evangelho de Cristo, ao contrário, é um evangelho oposto ao evangelho de nosso
Senhor. Outras versões vertem: “que, na realidade, não é o evangelho.”
(NVI), “que aliás nem sequer é evangelho algum.” (OL) ou “não há dois
{evangelhos}” (VC), “não existe outro evangelho” (NTLH), “não que haja outras
boas novas” (TNM). A TI faz um contraste entre “uma ‘boa nova’ diferente” (v.6)
com “Não é que exista outra boa nova”. No grego, a palavra usada para “outro”
no verso anterior (“ἕτερον”) é diferente da usada para outro neste verso (“ἄλλο”).
As duas estão em contraste, enquanto a primeira significa “outro de tipo
diferente” a segunda significa “outro do mesmo tipo”. Assim o ensino dos falsos
mestres é outro evangelho de natureza diferente
do verdadeiro evangelho e não outro evangelho do mesmo tipo. Aliás, uma
heresia que negue que Deus chama seus eleitos de maneira graciosa não é uma boa
nova, ou seja, não é evangelho algum. Glauber afirma que Paulo não está afirmando
que existe outro evangelho. O evangelho seguido pelos gálatas era um evangelho
de outra espécie um evangelho falso. O falso evangelho não é nem digno de ser chamado
de evangelho. Não há outro evangelho além do evangelho da graça (E). Anunciar a
pecadores incapazes de guardar a Lei de que eles são salvos pela Lei, não é boa
nova (evangelho), mas uma notícia desesperadora.
Paulo diz que os falsos mestres estão
perturbando os gálatas querendo perverter o evangelho de Cristo. Ou seja, o
falso evangelho não é outro evangelho ao lado do verdadeiro, mas uma perversão
do verdadeiro evangelho. A TI diz que os falsos mestres “querem levar-vos a
modificar a Boa Nova”, a ARC usa a forte expressão “transtornar o evangelho de
Cristo”. Outras traduções vertem: “distorcer as boas novas a respeito de
Cristo.” (TNM), “perturbar o evangelho de Cristo” (VC), “torcendo o sentido do
evangelho de Cristo.” (OL). Algumas traduções usam uma conjunção aditiva como
se os falsos mestres perturbassem (lançassem a confusão entre – TI, semear a
confusão –VC, inquietassem - ARC, andassem a enganar - OL) os gálatas e quisessem perverter o evangelho de
Cristo (TI, ARA, ARC, TNM, SBB, VC), outras dão a entender que os falsos
mestres perturbavam os gálatas pervertendo o evangelho de Cristo (NVI, OL).
Como no grego aparece a conjunção aditiva “καὶ” as traduções que usam a
conjunção aditiva “e” parecem estar corretas. Porém, ainda podemos ler que os
falsos mestres perturbavam e confundiam os gálatas e faziam isso por pregarem
um evangelho pervertido.
O verbo “ταράσσοντες” (pertubam) traz a
ideia de algo que gera “agitação emocional” (HWS), ou que torna alguém ansioso
ou angustiado deixando a mente da pessoa confusa por sugerir dúvidas (TGL). Ou
seja, os falsos mestres estavam deixando os gálatas mentalmente confusos com
seus ensinos. Segundo Glauber, o verbo grego para “perturbar” traz a ideia de
sacudir ou agitar. Os irmãos da Galácia estavam intelectualmente confusos e a
igreja facciosa. O mesmo verbo foi usado para descrever os judaizantes no Concílio
de Jerusalém (Atos15.24). Uma igreja sujeita ao falso evangelho é uma igreja
perturbada. E eles faziam isso por “perverterem”, “corromperem” (μεταστρέψαι) o
evangelho de Cristo.
Segundo John Stott, o verbo perverter no
grego é mais enfático e poderia ser traduzido por “inverter”. Nesse sentindo, a
perversão não era uma mera corrupção do evangelho, mas uma falsificação tal que
alterava radicalmente o caráter do evangelho (JS). Eles estavam pregando, não
um erro doutrinário periférico ou secundário, mas uma heresia completamente
oposta ao evangelho da graça.
8: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho
que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.”
ἀλλὰ καὶ ἐὰν ἡμεῖς ἢ ἄγγελος ἐξ οὐρανοῦ
εὐαγγελίζηται ὑμῖν παρ’ ὃ εὐηγγελισάμεθα ὑμῖν ἀνάθεμα ἔστω
O versículo inicia-se com a conjunção
adversativa “ἀλλὰ” (“mas”), como se Paulo quisesse dizer que apesar dos falsos
mestres serem um problema, mesmo se o próprio apóstolo pregasse algo contrário
às doutrinas evangélicas, isso deveria ser rejeitado. Não só não deveriam
aceitar uma doutrina falsa ainda que pregada pelos apóstolos, mas também
deveriam rejeitar o falso evangelho mesmo que viesse de um anjo celestial. O
critério para rejeitar ou não essas novas doutrinas era se elas já estivessem
além do que já havia sido estabelecido pelos apóstolos até ali. É dito em outros
lugares das Escrituras que a igreja está firmada na doutrina dos apóstolos
(Atos 2.42; Efésios 2.20) e que essa fé apostólica foi dada de uma vez por
todas aos santos (Judas.3). Em outro lugar, ao defender seu apostolado e pregar
contra os falsos apóstolos, Paulo mostra que o falso evangelho deve ser
rejeitado mesmo se pregado por anjos: “E não é maravilha, porque o próprio
Satanás se transfigura em anjo de luz.” – 2 Coríntios 11.14.
John Stott nota, aduzindo a Allan Colle,
que não é o mensageiro quem dá valor à mensagem. Stott afirma que se um anjo
pregar um falso evangelho, devemos preferir os apóstolos aos anjos. Não devemos
ficar encantados com dons, posição ou personalidade de um pregador. No entanto,
se um pregador for devidamente aprovado, devemos abraçar sua mensagem (JS).
Segundo Glauber, o evangelho exposto na Escritura é suficiente para refutar os
hereges. Não é necessário acréscimos. Os mesmos problemas que a igreja viveu no
passado ela vive hoje (E). Por isso, os cristãos não precisam de novas
revelações.
Aqueles que fossem além do ensino
apostólico já estabelecido seriam considerados anátemas (NTLH, TNM, NVI: “amaldiçoado”,
OL: “maldito”). O anátema (ἀνάθεμα) poderia significar tanto algo devotado a
Deus como coisa sagrada, quanto algo amaldiçoado (SC). Originalmente se referia
a algo posto no templo, é usada frequentemente na Septuaginta para se referir a
algo devotado ao interdito para ser completamente destruído (NDB). Podendo se
referir a uma pessoa ou coisa votada ao interdito seja por ser religiosamente
sagrada, seja por dever ser excluída ou excomungada (SEC). Neste último
sentido, designava algo comprometido destinado à destruição, podendo significar
um homem amaldiçoado dedicado aos sofrimentos mais terríveis (TGL).
A ideia de algo ou alguém votada ao
interdito, seja no sentido de dedicado ao serviço sagrado ou de destinado à
destruição é comum no Antigo Testamento. Quando tudo em Jericó deveria ser
destruído, diz-se que a cidade foi votada ao anátema e aquele que violasse ao
interdito ou tentasse reconstruir a cidade deveria ser amaldiçoado (Josué
6.17,18,26). E quando Acã transgrediu o anátema, toda a congregação foi punida
com a derrota e Acã foi apedrejado até a morte e só assim a ira de Jeová foi
aplacada (Josué 1.1,5,26). Ao serem anatematizados, os falsos mestres estavam
sendo amaldiçoados e relegados ao inferno eterno (AN).
Glauber nota que Paulo ficou indignado
com os falsos mestres, amaldiçoando-os. Como dito, a ideia do anátema é de banimento
divino, algo destinado à destruição (conferir Josué 7). Acã foi destinado ao
banimento e Paulo está, aqui, invocando o juízo de Deus sobre os falsos
mestres. Essa maldição de Paulo é universal – é lançada sobre todo e qualquer
falso mestre e sobre todos aqueles que propagam seus ensinos (“se alguém” –
qualquer pessoa). O anátema é aplicável, aos homens, aos anjos e até sobre o
próprio apóstolo (E).
Não está tão claro nas versões em
português se o sentido da expressão “além” é simplesmente de algo que anuncie
mais do que é pregado pelos apóstolos ou se o sentido é de algo que contradiga
o ensino apostólico. Algumas versões, como a NVI e a TI, usam, ao invés de
“evangelho que vá além”, a expressão “evangelho diferente”. A preposição παρ’
pode trazer a ideia de algo “contrário a” ou “em desacordo a” (TGL).
Este verso reforça a ideia de que os
apóstolos tinham uma autoridade peculiar em relação ao anúncio do evangelho. O
que os apóstolos diziam tinham um peso especial de autoridade e o que eles
pregavam ex cathedra deveria ser
aceito como a palavra autorizada por Deus. Mas o verso ainda mostra que o fato
de algo ser ensinado por um apóstolo não era o único critério para se aceitar
um ensino como verdadeiro, a doutrina pregada deveria estar em harmonia com o
ensino apostólico já estabelecido até ali. Visto que o texto exorta a igreja a
não receber qualquer doutrina que vá além daqueles que foram firmadas pelo
ensino apostólico, hoje, não podemos aceitar qualquer revelação ou ensino,
senão aquele que se encontra na Escritura. Os gálatas deveriam rejeitar
qualquer coisa que contradisse o que o apóstolo pregou em sua primeira viagem
missionária (WH)
9: “Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho
que vá além daquele que recebestes, seja anátema.”
ὡς προειρήκαμεν καὶ ἄρτι πάλιν λέγω
εἴ τις ὑμᾶς εὐαγγελίζεται παρ’ ὃ παρελάβετε ἀνάθεμα ἔστω
Este verso repete o que já foi anunciado
no anterior. O apóstolo faz questão de repetir que os gálatas devem rejeitar
qualquer ensino que vá além das doutrinas recebidas pela Igreja. Tal repetição
destaca a importância que o apóstolo dava à questão e o quanto era importante
que os gálatas considerassem isso para não serem inconstantes. Segundo John Stott,
Paulo sabia que era o bem estar da alma dos gálatas que estava em jogo. Não era uma questão de doutrina secundária, os
falsos mestres estavam pervertendo o evangelho: “Corromper o evangelho
portanto, era destruir o caminho da salvação, condenando a ruína almas que
poderiam ser salvas através dele.” (JS, p. 27).
Os gálatas deveriam ser fiéis ao ensino
apostólico recebido pela igreja como palavra inspirada: “Por isso também damos,
sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação
de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade),
como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes”
(1Tessalonissenses 2.13); “Mandamo-vos,
porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o
irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu.”
(2 Tessalonissenses 3.6). Assim, o evangelho deveria ser guardado, não só
porque lhes foi pregado, mas porque os gálatas o haviam aceitado (WH).
O apóstolo repete
novamente a maldição. Stott observa, referenciando John Brown, que essa
repetição evidencia o fato de que o anátema lançado pelo apóstolo não era uma
declaração exagerada fruto de um sentimento explosivo, mas uma declaração
deliberada advinda de uma opinião firme e inalterada (JS). O anátema lançado pelo apóstolo não é um
mero desejo, é uma invocação efetiva. Ele faz isso na condição de representante
autorizado por Deus (WH).
10: “Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou
procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de
Cristo.”
Ἄρτι γὰρ ἀνθρώπους πείθω ἢ τὸν Θεόν
ἢ ζητῶ ἀνθρώποις ἀρέσκειν εἰ ἔτι ἀνθρώποις ἤρεσκον Χριστοῦ δοῦλος ἂν ἤμην
A ARA começa esse verso com o advérbio
“porventura” (grego: “Ἄρτι” : “Agora”) indicando que Paulo fará uma série de
perguntas retóricas. Essas perguntas podem insinuar que os gálatas começaram a
questionar a fidedignidade dos ensinos paulinos, de modo que o apóstolo precisa
fazer uma defesa de seu apostolado. Ao mesmo tempo, essas perguntas podem ser
acusações indiretas contra os falsos mestres. Se esse é o caso, Paulo está
dizendo que os falsos mestres buscavam o favor dos homens, não de Deus, e por
isso não eram servos de Cristo. Aliás, tornar o cristianismo uma seita judaica
poderia fazer cessar a perseguição romana contra os cristãos. O apóstolo Paulo,
em contraste com os falsos mestres, buscava agradar a Deus, não os homens.
Pode ser que os falsos mestres acusassem
Paulo de estar querendo agradar os gentios em não exigir a circuncisão deles.
Mas o apóstolo deixa claro que seu objetivo não é agradar homens e isso ficou
claro pelo seu anátema. O “ainda” é usado no verso no sentido de “apesar de”,
isto é, se apesar dele se declarar servo de Cristo ele continuasse tentando
agradar homens, sua pretensão seria falsa (WH).
SIGLAS
AN
– Augustus Nicodemus – Livres em Cristo.
ARA
– Almeida Revista e Atualizada.
ARC
– Almeida Revista e Corrigida.
E
– Eltecom – Gálatas 1.6-10 – Os falsos mestres e a inconstância dos Gálatas. Na
realidade o vídeo segue em linhas gerais o que é apresentado por John Stott
(JS).
FT
– Frank Thielman – Teologia do Novo Testamento.
HWS - HELPS Word-studies
JS
– John Stott – A Mensagem de Gálatas.
NDB
– Novo Dicionário da Bíblia – J.D. Douglas (?).
NVI
– Nova Versão Internacional.
NTLH
– Nova Tradução na Linguagem de Hoje.
OL
– O Livro.
SBB
– Sociedade Bíblica Britânica.
SC
– Strong´s Concordance.
SEC
- Strong's Exhaustive Concordance.
TGL
- Thayer's Greek Lexicon.
TI
– Tradução Interconfessional.
TNM
– Tradução do Novo Mundo.
VC
– Versão Católica.
WH
– William Hendriksen – Comentário do Novo Testamento – Gálatas.
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