UM MUNDO EM MUDANÇA - ANTHONY GIDDENS (RESUMO)
O que se segue é um resumo do capítulo Um Mundo em Mudança do livro Sociologia do sociólogo britânico Anthony Giddens. Neste capítulo, Giddens trata da globalização, suas dimensões, o debate em torno dela, seus impactos, seus riscos e o problema da desigualdade. É importante colocar que este resumo é apenas uma apresentação do texto original de forma compactada, sem paráfrases ou resenhas críticas. A ideia é de que o texto permaneça do autor original.
Não podemos separar as nossas ações locais de contextos sociais mais amplos que se estendem pelo mundo. Hoje em dia as ações locais estão ainda mais interdependentes em relação ao contexto global. Os sociólogos usam o termo globalização quando se referem a estes processos que intensificam cada vez mais a interdependência e as relações sociais a nível mundial. A globalização está mudando a forma como o mundo se nos apresenta e a maneira como olhamos para o mundo.
Entre as causas da crescente globalização podemos citar: (i) mudanças políticas: entre as quais estão o colapso do comunismo soviético, o aumento dos mecanismos internacionais e regionais de governo e a atuação das as organizações intergovernamentais e as organizações não governamentais internacionais; (ii) fluxos de informação: a expansão da tecnologia da informação fez aumentar as possibilidades de contacto entre pessoas de vários pontos do mundo; (iii) empresas transnacionais: são empresas que produzem bens ou serviços comerciais em mais do que um país, estando no cerne da globalização econômica.
A globalização tornou-se, nos últimos anos, um assunto discutido calorosamente. Podemos distinguir três escolas de pensamento em relação ao debate em torno da globalização: (i) os céticos: defendem que se exagera a ideia de globalização, entendem que o debate em torno da globalização não passa de muita conversa sobre algo que não é novidade nenhuma; (ii) os hiperglobalizadores: defendem que a globalização é fenómeno bem real, cujas consequências se podem sentir praticamente em todo o lado, veem a globalização como um processo indiferente às fronteiras nacionais: (iii) os transformacionalistas: concebem a globalização como a força motriz de um conjunto amplo de mudanças que hoje em dia estão a alterar as sociedades modernas, de acordo com esta perspectiva, a ordem global está a ser transformada, mas muitos dos padrões tradicionais continuam a existir.
A globalização não é algo que simplesmente abstrato, mas um fenômeno real que afeta as nossas vidas pessoais e íntimas de inúmeras formas. A globalização está mudando radicalmente a natureza das nossas experiências cotidianas. Graças à globalização, a forma como nos concebemos a nós próprios e a relação com as outras pessoas estão sendo profundamente alterados. Entre essas alterações está a emergência do individualismo, segundo o qual as pessoas têm de constituir-se a si próprias de modo ativo e construir as suas identidades.
A globalização tem provocado também mudanças no mundo do trabalho. Os novos padrões de comércio internacional e o surgimento de uma economia de informação tiveram um impacto profundo nos padrões de emprego de longa duração. Outro impacto importante da globalização consiste no seu impacto cultural. Imagens, ideias, produtos e estilos disseminam-se hoje em dia pelo mundo inteiro de uma forma muito mais rápida. O comércio, as novas tecnologias de informação, os meios de comunicação internacionais e a migração global fomentaram um fluxo sem restrições de cultura que transpõe as fronteiras das diversas noções.
As consequências da globalização são de largo alcance, afetando praticamente todos os aspectos do mundo social. No entanto, dado a globalização ser um processo em aberto e intrinsecamente contraditório, as suas consequências são difíceis de prever e controlar. Por isso, a dinâmica da globalização também pode ser pensada em termos de risco. Com a globalização, somos s cada vez mais confrontados com vários tipos de riscos manufaturados, riscos que resultam do impacto da ação do nosso saber e tecnologia sobre o mundo natural. Um exemplo desses riscos, são as ameaças atuais que derivam do meio ambiente, isto é, os riscos ecológicos. Os riscos manufaturados também colocam perigos à saúde humana. Podemos falar, assim, que esses riscos contribuíram para a formação de uma sociedade de risco global.
A globalização gera também importantes desafios. A globalização está a desenrolar-se de uma forma assimétrica. O impacto da globalização é sentido de forma diferente, e algumas das suas consequências não são de todo benignas. Lado a lado com o acumular de problemas ecológicos, o aumento das desigualdades entre as várias sociedades é um dos maiores desafios que o mundo tem enfrentado. Diante desse quadro, o comércio livre é visto por muitas pessoas como a chave para o desenvolvimento económico e o combate à pobreza. No entanto, nem todos concordam que o comércio livre seja a solução para a pobreza e a injustiça mundiais. Para muitos críticos, o comércio livre é, na verdade, um assunto que beneficia aqueles que já estão numa posição confortável, exacerbando os padrões existentes de pobreza e de dependência do Terceiro Mundo.
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