1. Introdução Thomas Hobbes pode ser considerado, em certo sentido, um anti-aristotélico. De acordo com Aristóteles (1985), os seres humanos organizam-se politicamente porque eles são animais políticos por natureza. Hobbes, por outro lado, considerada a política como uma construção artificial que se constitui justamente pela superação do estado de natureza. No entanto, mesmo a natureza é concebida de modo distinto de como o é no aristotelismo. Para Aristóteles, o mundo e seu movimento é eterno e há uma hierarquia metafísica em que certas coisas são naturalmente superiores em relação a outra. Em Hobbes (1983), ao contrário, a própria natureza tem uma certa artificialidade, pois ela é a arte por meio da qual Deus fez e governa o mundo. A natureza pode ser compreendida, assim, como um mecanismo programado que autoconserva o movimento segundo as regras do Criador.