CATEGORIAS (ARISTÓTELES)
Chamamos
de homônimas as coisas com mesmo
nome, mas com definições diferentes; de sinônimas
as coisas com mesmo nome e mesma definição e parônimas as palavras derivadas. Quanto às coisas ditas com
significado no emprego de palavras sem combinar, há aquelas que podem ser
afirmadas e encontradas, as que não podem ser afirmadas, mas podem ser
encontradas, as que podem ser afirmadas, mas não podem ser encontradas e as que não
podem, nem ser encontradas em um sujeito, nem afirmadas sobre ele.
Toda asserção afirmativa ou negativa tem
de ser verdadeira ou falsa. Os predicados do predicado também se aplicarão ao
sujeito. Chamamos de gêneros
não-subordinados (heterogêneos) aqueles que apresentam diferenças em
espécie e subordinados os que
possuem as mesmas diferenças.
Sobre as categorias das coisas podemos citar a substância (o que?), a quantidade
(quanto?), a qualidade (que tipo?), a
relação (com o que?), o lugar (onde?), o tempo (quando?),a posição (que
postura?), o estado (que
circunstância?), a ação (quão
ativo?) e a paixão (quão passivo?).
SUBSTÂNCIA
Podemos definir substância como aquilo que não é dito nem de um sujeito, nem em um
sujeito. As substâncias primárias formam
a base de todas as outras coisas. Nenhuma substância primária é mais substância
do que outra.
As substâncias
secundárias dizem respeito a espécie
(aquilo dentro do qual estão incluídas as substâncias primárias) e ao gênero (aquele dentro das quais estão
incluídas as próprias espécies). A espécie está mais próxima da substância
primária. Predicamos o gênero da espécie, mas nunca podemos predicar a espécie
do gênero.
Quanto às proposições que tenham uma
substância por predicado, podemos apresentar o seguinte argumento:
1.
A definição de cada diferença e
substância aplica-se tanto a indivíduos quanto a espécies.
2.
Coisas que possuem nome idêntico e
são definidas identicamente são sinônimas.
3.
Logo, em todas as proposições que
tenham por predicado uma substância ou uma diferença, o predicado é sinônimo.
As
substâncias, assim como quantidades definidas, jamais têm contrários. Aparentemente,
também, nenhuma substância apresenta graus em si mesmas. No entanto, é
realmente característico à substância admitir qualidades contrárias através de
uma mudança em si mesma, sendo a substância receptáculo que admite contrários
em si mesma.
QUANTIDADE
A quantidade pode ser discreta, quando as partes permanecem
sempre distintas ou contínua, quando
existe um limite comum onde as partes se unem. Sobre o espaço poder ser
considerado uma quantidade contínua, podemos apresentar o seguinte argumento:
1. As
partes mesma do sólido ocupam um certo espaço e estas partes possuem um limite
em comum (quantidade contínua).
2. Assim,
as partes do espaço, que aquelas próprias partes ocupam possuem exatamente o
mesmo limite ou tempo comum das partes do sólido.
3. Logo,
o espaço é também deste mesmo tipo de quantidade (contínua).
Quantidades nunca possuem contrários.
(Segundo a lei da não-contradição, nada pode ser contrário a si mesmo). As
quantidades são comparadas em termos de igualdade. Desse modo, classificarmos
alguma coisa como igual/desigual é a característica principal da quantidade.
RELAÇÃO
Chamamos de relativo aquilo que é o que
é por dependência de alguma outra coisa
ou por estar relacionada a alguma coisa de alguma outra forma. Os relativos, às
vezes, têm contrários, mas isso não se aplica a todos os relativos. Em alguns
casos, os relativos também podem admitir graduação.
Todos os relativos têm seus
correlativos. Um relativo é sempre relativo de
alguma coisa. Correlativos parecem apresentar simultaneidade natural e a
anulação de um significa a anulação do outro. Mas isso não é verdadeiro em
todos os casos, porque o objeto do conhecimento é anterior ao conhecimento
(realismo). Se um relativo é conhecido definitivamente, seu correlativo também
o será.
A opinião de que nenhuma substância é
relativa aparentemente está aberta a questionamento. Dever-se-ia, talvez,
excetuar disto algumas substâncias secundárias. Não há dúvidas de que nenhuma
substância primária é relativa e também é verdade que a substância dificilmente
pode ser relativa. Não obstante, há divergências quando se trata das
substâncias secundárias. No entanto, o fato de uma categoria ser explicada
mediante uma referência a alguma coisa que lhe é exterior, não é o mesmo que
dizer que ela é necessariamente relativa.
Nesse sentido, nenhuma substância é relativa, mas há controvérsias.
QUALIDADE
Pode-se definir qualidade como aquilo em virtude do que
são as coisas classificadas. A palavra qualidade tem muitas acepções. Um tipo é
aquele que é constituído pelos estados
(mais estáveis) e disposições (menos
duradouros). Outro tipo de qualidade denota qualquer capacidade natural.
O terceiro tipo encerra qualidades passivas e afeições.
Entretanto, condições originárias logo tornadas inoperativas, caso não sejam
totalmente eliminadas, podem ser considerados estados passivos, e não
qualidades. O quarto tipo de qualidade é constituído pelas formas e figuras das coisas.
As qualidades admitem contrários, mas
não em todos os casos. Se um de dois contrários é uma qualidade, o outro também
é uma qualidade. As qualidades admitem também graus, mas não todas.
Embora o conhecimento seja sempre
conhecimento de alguma coisa, os
ramos específicos do conhecimento, não devem ser classificados entre os
relativos. No entanto, se alguma coisa é tanto relação quanto qualidade, não há
problema em classifica-la em ambas as categorias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
ação e a paixão apresentam contrários, bem como graus. A postura ou posição obtêm seus nomes das posturas que a elas correspondem.
Quanto as demais categorias (tempo,
espaço e lugar) são tão claras
que não é preciso discursar sobre elas.
Condessado de: Aristóteles
(384-322 a.C.). Categorias in Órganon. Edipro, 2º ed. 2010.
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